Cavatina
Outono
Cinza
Hora grave onde tudo fenece
Desaparecem
Pegadas que não mais avistamos
Quando bate na relva
Melancolia
Tântalo
“Poetry is the supreme fiction, madame.”
Wallace Stevens
Há um negro em meu ouvido
Que suspira a morte do ser.
Caule que se verga
Quando adentra a vereda
Onde batem os frutos que pendem;
Confundem-se os caminhos
Do talo, onde por fim
Rumoreja alvo lençol
Um carvalho ao vento
Era eu
Um pássaro negro
Desenho vermelho profundo
Uma floresta apagada
E desmundo
Lucas Perito nasceu em São Paulo em 1985. É graduado em Comunicação em Multimeios pela PUC-SP. Trabalhou na editora Empresa das Artes, escrevendo livros ligados a história e fotografia, fazendo os textos de acompanhamento para o livro fotográfico “Caminhos da Mantiqueira” (2011) de Galileu Garcia Junior. Tem alguns poemas publicados na Revista Zunái, revista Diversos Afins, Revista Benfazeja, R. Nott Magazine, Caderno-Revista 7 Faces, Revista Parênteses, Revista Entreverbo, Revista Saúva, Escamandro, Jornal RelevO, Revista Gueto, O Poema do Poeta e nas revistas portuguesas InComunidades e Enfermaria 6. Também participou como tradutor na Revista Parênteses,Escamandro, projeto Pontes Outras e no Ponto Virgulina. Tem traduzido Charles Cros, David Diop, James Wright, Amparo Osorio, Abdellatif Laâbi, entre outros. Seu livro de estreia, 38 Movimentos, sai em fevereiro de 2018 pela Lumme Editor.
*Quadro: Alfred Kubin
Be the first to comment