EL CANTADOR
Para o poeta Antonio Torres
Nadie entiende que lengua
hablan los poeta
Solo ellos acarician lo que sentimos
anticipadamente
Sus letras mezcladas
son besos en la madrugada
en que súbitamente despertamos
y quedamos escuchando ruidos
de los bichos nocturnos
Sus versos polinizan semillas del no tiempo
sobre los delicados, los marginados, los ilegales
los necios
apaciguando los desconciertos
Nadie sabe con que sueñan los poetas
si brújulas o mapas los guían
Solo visualizamos en la niebla turbia
el corte sutil expuesto en su piel
de donde brotan metáforas alucinadas
canciones memorables que son
y no son circunstancias
palabras escritas en las aguas
de los ríos
reverberando verdades
que a veces unen, a veces separan
Nadie quiere saber cual su tema
la fuente que chorrea
la inmaterialidad componiendo
sus incertidumbres
Nadie entiende sus preferencias
por las sobras, los restos, las menudencias
en perjuicio del resplandor
de la gloria de las estrellas
Nadie si conmueve
al ver su mirada perdida
quizás en un lejano atardecer
cuando entendíamos el lenguaje de los pájaros
la soledad de la pandorga
la voz infinitamente azul
del viento oscilando…
Nadie imaginó su afecto
su emoción, la pasión
con que recreó recuerdos
la ternura que le invadió
en el día que su madre bendijo su partida
llevando en el bolsillo
un puñado de tierra resecada
el olor de lluvia mojada
la humedad del sexo sin ruidos
los pies descalzos del inagotable camino
No, nadie reparó
cuanto el poeta atravesó
el paisaje silencioso
abrazó y besó los leprosos
lavó con sándalo
los pies de las prostitutas
bebió aguardiente con los desvalidos
y sentó su desventura en la aridez de la noche
entonó su canto hondo
calmando ovejas descarriadas.
Transcriação de Antonio Torres
TAPES
O índio gritou mata
anu-branco pedra
Pampeanos água
A noite soprou o vento Uruguai
Canário-da-terra colheu sementes
Painço grão de bico gramíneas
Sanhaço tesourinha tico-tico
cantam o nativo híbrido
esverdeados sossegando o anoitecer
Índio esbravejou fruta raiz
seu canto de erva lagoa dos Patos Jacuí
Guaranis o tronco tupi
Tem-tem-coroado, Guaratá assovio
Pituã, Triste-vida, rolinha Picuí
Gês Kaingangs Nonoai Iraí
A terra calou mata
O índio silenciou água
Anu pássaro Guanambi cruzou o Prata
A pradaria amanheceu orvalhada
Depois o sol apaziguou
Pé no chão a trilha caminhada.
quintessência
todas as coisas da terra
a água, a mata, o bicho, o céu
são também uma parte do eu e você
nada mais que tons, nos tatuando
onde há cores e formas, existimos
mesmo na transparência, ali estamos
a alma, o frenesi, a alucinação
o que silencia, o atroz ou a doçura
não se desfazem, permanecem
em você, em mim, nós orixás
são o que são
e somos o que somamos
e se isso lhe consola
depois de tudo
ainda estaremos nas auroras
iluminando astros
consumindo o tempo
e sendo devorado por ele
a arte nos ajudando a lapidar
as inexoráveis fontes
que jorram perguntas
ah, se não fosse a vida!
JOSÉ COUTO é professor de geografia, história, filosofia e sociologia. Pós-graduado em Educação Ambiental no Centro Universitário La Salle. Cursou como aluno especial os cursos de Literatura Brasileira e o Educação na área de Estudos Culturais na UFRGS, e o mestrado em Educação Ambiental na FURGS. Publicou “A Impermanência Da Escrita”, poesias, 2010. E O soneto de Pandora. Poesias. Penalux. 2017. Participou de diversas Antologias de poesias, crônicas e contos em diversos livros e periódicos da imprensa cultural do País. Escreveu semanalmente durante cinco anos no jornal O Alvoradense sobre poesia. Além da obra autoral, o poeta também publicou novos talentos e obras de já consagrados escritores. Prepara os originais do livro infantil o “Unicórnio do Sul e outras Lendas poéticas” em parceira com a arista plástica Luiza Maciel Nogueira
Uau me mencionou aí que honra poeta que honra! Obrigada! Um abraço!