Três poemas de Lázara Papandrea

deserto papandrea 300x188 - Três poemas de Lázara Papandrea

 

 

 

você me diz que a morte é regra

nem me despedaço!
não acredito
não quero.
se essa for a grande verdade
me cego
me chago
me sangro
me esmero para não acreditar.
não será essa a cilada.
não será esse o tango
a dançar.
não agora nem nesse lugar
de demoras no seu quadril.

 

 

Eu quero que você não tenha raiva

do meu gozo, nem da minha alegria
mas, acho que seria pedir-lhe muito.
algo como deixar sem combustível
o piloto no meio do caminho deserto.
Eu quero que você não tenha raiva
nem agonia por não ser tão perto
o inferno dos outros.

 

 

O mundo está bêbado

As palavras estão mortas
Mórbidas baratas desfilam
Pelo edifício
A cidade dorme alheia
Ao nosso sacrifício
Um golpe de ar leva-me o fígado
Fosse verão veríamos o mar
e cantarias uma
Insanidade azul aos peixes
Para que da tua voz ressuscitada
Eu também renascesse

 

 

 

Lázara Papandrea, natural de Pouso Alegre MG, autora de “Tudo é Beija-Flor”, 2016, editora Penalux.
escreve no blog www.vestesdepalavras.blogspot.com

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This Article Has 1 Comment
  1. José Couto Reply

    Belíssimos

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