Três poemas de Regina Celi Mendes Pereira

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Regina Celi M. Pereira

 

 

1

acredita-se
tudo é a palavra
que o efeito está nela
 
não é…
 
o efeito está na relação misteriosa
imprevisível
gerada na combustão
com outra palavra
que se presume aleatória
 
não só…
 
o efeito está na reação
ambígua
que provoca no outro
fora da palavra
e na não palavra
 
também…
 
o efeito está na percepção
do que não é dito
mas inferido
vivenciado
ressignificado.

 

 
2
A chama

depois do afago
no fogo
a epiderme se despe
em cinzas dormidas
 
afogar o fogo
no olhar umedecido
à queima-roupa.

 

 

3
caiu uma lágrima
no meu poema
 
não foi disparo
de meu olho
[conheço-lhe a cor e calibre]
 
inesperada
atingiu certeira
versos meninos
perdidos
que brincavam
nos parques
ou dormiam
ainda sementes
em estado de poesia
 
juntei os caquinhos
enterrei no Rio toda a dor
 
quem sabe
a água expurga o pecado
de lavarmos as mãos
por tanto sangue
derramado.
 

 

 

Regina Celi Mendes Pereira nasceu em João Pessoa, em 1963. É professora da Universidade Federal da Paraíba, pesquisadora do CNPq, editora da Revista Prolíngua e coordenadora da sub-sede da Cátedra UNESCO em Leitura e Escritura. Suas publicações em livros e revistas são todas acadêmicas, em Linguística Aplicada, mas já publicou alguns poemas no blog Zonadapalavra, na Mallarmargens, no suplemento literário Correio das Artes e na Germina.

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