conclusão
nostalgia do próprio corpo:
a fratura exposta na janela
: conjugar a palavra velhice
no presente do pós-futuro
somos uma orquestra:
e eu só quero revelar
meu amor sem dançar
um foxtrote em dublin
mas toda paixão se molda
em espanto: nasce entre
precipícios: pirotecnias
a cada transfusão de dor
e a gente vai se acabando
aos poucos: cagando & andando:
andando não: arrastando: aos poucos:
mijando a mágoa de uma vida inteira
banquete
a mesa posta
cerejas lichias
uvas castanhas
ameixas pão
o corpo morto
abocanhado
vida-vísceras
cristo-a-cristo
repartido em vinho
comungado no pernil
o estupor nos
fios de ovos
no arroz com
passas & nozes
nas asas fincadas
ao meu redor
Trilha
o trem vem
o homem entra
a janela engole o homem
os telhados passam
os bois passam
as árvores passam
os olhos dos meninos passam
a paisagem passa
a paisagem idem
o trem para
o homem desce
o trem vai
o homem vai atrás
a mala cai
o homem pega a mala
o trem volta
o homem para
o trem chega
a mala procura o homem
a mala entra no trem
Silvana Guimarães (Belo Horizonte/MG). Socióloga, escritora, redatora/revisora publicitária. Participou de algumas coletâneas, entre elas, duas que organizou: 29 de abril: o verso da violência(Patuá, 2015), Dedo de Moça — Uma Antologia das Escritoras Suicidas (Terracota, 2009), Hiperconexões — Realidade Expandida Vol. 2 (Org. Luiz Bras, Patuá, 2014) e 1917-2017 — O Século sem Fim (Org. Marco Aqueiva, Patuá, 2017). Editora da Germina — Revista de Literatura & Arte e do site Escritoras Suicidas. Vive em Belo Horizonte.
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