O GRANDE RELÓGIO
o grande relógio desta avenida
não sabe nada
do meu tempo
do meu espaço
não sabe nada
do que me move
e me comove
dos fatos e das pessoas
que carrego
com todas as suas tragédias
e utopias
sob à luz do drama
não sabe nada
do meu corpo
da minha linguagem
do desejo
que arde em febre
e fogo
como fome
e gula
da minha paixão
o grande relógio desta avenida
não sabe nada
do que eu falo
pelos poros
pela língua
com meu sexo
ignora
o que envolvo em minha pele
e devolvo
a outro corpo
a outro corpo
a outro corpo
FÁBULA
me chamou
de poeta vagabundo
e foi-se
me deixou
às moscas
jogado
às baratas
no início
senti saudade
da formiga
mas hoje
me casei
com a cigarra
GRAFITE
I
me encontro
pelas ruas do rio de janeiro
à procura
mas será que encontrarei
a paixão na próxima esquina?
ou a rima de um poema
que me denuncie?
será que devorarei o mito
que serei o hermeneuta
o exegeta
do papiro
que desenrola a história
da minha vida?
– vale o escrito
no muro rapidamente
o panfleto
o grafite
II
saio do meu umbigo
e não volto ao ventre materno
estou repleto de armadilhas
e isso me fazvivo
mas será que me encontrarei
a cada perigo
a cada esquina que habito
como único abrigo
que necessito?
será que me encontrarei
entre as feras
será que serei está busca
sob as luas da quimera?
a minha esperança e o meu desespero fundem-se
nos caminhos do amor e da fome
e eu sempre serei este homem
em busca do meu próprio nome
do meu próprio nome
do meu próprio nome
Marcos Magoli é um poeta carioca, suburbano do bairro de Rocha Miranda.Tem alguns livros lançados, entre elas, Um Trem Para Madureira. É fundador do Coletivo Estação Suburbana.
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Muit bom!!!!!!
belezas da terra Marcos Magoli, parabéns