“History is what hurts”
É um rio que infiltra entre
os ossos, um jato frio que
inunda o sono que já foi al-
go mais persistente. É esse
sorriso trincado que não mente,
e aqui é sempre o outro lado
da colina, perigo, é favor não
alimentar os animais. Ai, as
fronteiras que não há, o conta comigo
recorrente,
É sempre um atalho que acaba
se alongando
os vazios azedos
entre os prédios
como
um estômago por preencher.
*Título roubado de Fredric Jameson.
Refletor
Personagens de congruência
esquiva a atravancar o enredo;
uma noite, por entre as horas
em que ninguém está em lugar
nenhum;
pode ser que talvez já nem se-
jam, pois o ensejo de ser é que os
há de pulverizar: ceder à noite sem
nem a mentira da luz anêmica e falsa,
desculpa de vento e a pele sob
a camada – espessa- do algodão.
Refletiam sobre o refletor,
de onde todo o calor pro-
vinha.
Enredados em outros dias,
dias de há muito perder, sem
ganhar sequer a sorte de não lembr-
ar, a ponta desencapada, o fio que se des-
faz, re-
faz
a trama, o drama de ser,
de fio a fio, aquilo que des-
integra:
trans-
borda.
Charles Marlon, autor de Poesia Ltda (Patuá, 2012), Sub-verso (Patuá, 2014), Re-trato (Patuá, 2016), La Siesta sobre Cuchillos (La bodeguita, 2017) e Aqui: este breve intervalo (edição do autor, 2017), participou de algumas antologias, entre elas a do 21º Encuentro Internacional de Poetas (Zamora, México) é poeta, mestre em Literatura Portuguesa, tendo estudado a obra de Rui Pires Cabral e doutorando em Estudos de Cultura pela Universidade de São Paulo. Nasceu no dia 10 de julho de 1990, em Osasco. Um outro canceriano sem lar. É pai da Louise.
Be the first to comment