Três poemas de Luís Perdiz

capa patuá 200x300 - Três poemas de Luís Perdiz

Saudade Mestiça, 2016, Luís Perdiz, Editora Patuá

 

 

INDOMÁVEL

retenho as cores
esqueletos floridos
e suas escamas azuis de liberdade

tempo de lobas
respiração no círculo de incensos

precedem a seda
a epilepsia do tato
um leque na tempestade

a realidade
enfim apreende

 

 

 

MIGALHAS

os monumentos são zoológicos do medo
violentas cortinas rasgam a noite

preciso de distinção nos dentes
instantâneos que não mordem

o jardim de apuros
onde nossas garras desaprendem o espaço

 

 

 

TEMPLO

nunca intacto
repouso nesta superfície de cascalhos
sonhos aprendidos ao hálito da terra

lágrima primata incrustada na labareda
planície viva do princípio
tarde marmórea por onde encontro

suas coxas quentes
secretamente solares

 

 

 

 

Luiz Perdiz Foto 150x150 - Três poemas de Luís Perdiz

Luís Perdiz é autor dos livros Saudade mestiça (Patuá, 2016; menção honrosa Nascente USP) e Visão incurável (no prelo). É um dos fundadores e editores do portal de literatura Poesia Primata e da Editora Primata. Atua também como cantor e compositor no grupo Estranhos no Ninho. Nasceu em Campinas (SP) e atualmente vive em São Paulo, onde pesquisa produções poéticas brasileiras da atualidade.
Site/contato: www.luisperdiz.com.br

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This Article Has 1 Comment
  1. Gustavo Adolfo Ramos Mello Neto Reply

    Luís: achei este verso magnífico: “lágrima primata incrustada na labareda”. Parabéns

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