INDOMÁVEL
retenho as cores
esqueletos floridos
e suas escamas azuis de liberdade
tempo de lobas
respiração no círculo de incensos
precedem a seda
a epilepsia do tato
um leque na tempestade
a realidade
enfim apreende
MIGALHAS
os monumentos são zoológicos do medo
violentas cortinas rasgam a noite
preciso de distinção nos dentes
instantâneos que não mordem
o jardim de apuros
onde nossas garras desaprendem o espaço
TEMPLO
nunca intacto
repouso nesta superfície de cascalhos
sonhos aprendidos ao hálito da terra
lágrima primata incrustada na labareda
planície viva do princípio
tarde marmórea por onde encontro
suas coxas quentes
secretamente solares
Luís Perdiz é autor dos livros Saudade mestiça (Patuá, 2016; menção honrosa Nascente USP) e Visão incurável (no prelo). É um dos fundadores e editores do portal de literatura Poesia Primata e da Editora Primata. Atua também como cantor e compositor no grupo Estranhos no Ninho. Nasceu em Campinas (SP) e atualmente vive em São Paulo, onde pesquisa produções poéticas brasileiras da atualidade.
Site/contato: www.luisperdiz.com.br
Luís: achei este verso magnífico: “lágrima primata incrustada na labareda”. Parabéns