Três poemas de Tennyson Albuquerque

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Hopper, 1953. Office in a Small City

 

 

 

Hominum causa, omne ius constitutum est

“procitei conforme manda o paragrafo D.”- Falcão.

De pensar em falar com jurisconsultos,
juro e consulto um dicionário cheio de
insultos, julgo saber pouco do tema e da
trama, há quem legisle sobre trema e
trema a mão na sentença sem deixar
que a escusa mão que guia a caneta
apareça na foto da primeira página, justo
é aquilo que sabemos, mas nem sempre se vê, e que raramente cheira bem. Aberratio ictus, cuspimos pro alto e choramos a má
fortuna. Demóstenes, justiça assim não me
atiça.

 

 

 

QUASE UM POEMA DE AMOR

Ao porquê de não repassarmos nada:
só nos resta vivenciar vestígios.
Traduzir sombra, refletir lagos parados.
Neruda ainda disputado, mas por
conta dos ossos de um poema,
Não pela carne que o recobre.
Corações quitados agora disputam
espaço com contas do cartão.
De fatura, uma suave ironia
põe rima em tudo, menos em solução.
Desça do pedestal, você tenta dizer
à musa. Mas a musa emigrou
para os quintos de algum inferno.
E tudo é motivo de mandar
tudo ao diabo.

O inferno e os outros.

 

 

 

Sonho estranho

Era a ponte do Rio Kwai, construída
às pressas às custas das presas e
do tempo livre. Era estranho e estanho
o que corria nos vagos vagões imaginados.
Seguia num barco, um bote gigante, uma
garrafa pet de guaraná Kuat. Na margem,
entre cortinas de névoa matutina, Iracema,
Caetano e Marina. O piloto ria em inglês, dizia,
(tradução minha): “ainda haveremos de colonizar essa porra”. Era estanho, ferro e aço
e o som no meio da mata, os automóveis que
viriam para a mítica eleição. Há patos que ficam melhor antes no tacape, depois no tucupi.

 

 

 

Lá depois do mar, verde e amarelo, de cana-de-açucar, nasceu Tennyson Albuquerque. Veio ao mundo no meio de um corredor da biblioteca municipal de Lucélia, em 2000, segundo conta sua mãe, e as mães não mentem, fazem ficção. Ainda segundo ela, o corredor era destinado à poesia Inglesa, daí o nome do poeta inglês. Nunca conheceu seu pai, talvez tenha feito falta, quem sabe tenha sido melhor. Tennyson é um jovem poeta do interior de São Paulo, ainda sem livro publicado, que vem aos poucos mostrando seus escritos por insistência e apoio de amigos; acredita que sem amizade o mundo deixa de vez de ser um lugar vivível. Sonha em estudar Antropologia na USP e viver em São Paulo (capital).

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This Article Has 2 Comments
  1. Sebastião Guimarães de Carvalho Filho Reply

    Deve ter muitos brasileirinhos desse tipo, mas poucos com garra e determinação de “ser” o que faz a diferença. Tu és um desses e eu ponho fé.
    Cheguei aqui por postagem de Germano Quaresma no Facebook, onde tenho uma página “Sebastião Guimarães”.
    Gostaria de acompanhar sua trajetória, pelo tempo que ainda me restar.

  2. Aloisio Sá Reply

    A poesia tem futuro.

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