Hominum causa, omne ius constitutum est
“procitei conforme manda o paragrafo D.”- Falcão.
De pensar em falar com jurisconsultos,
juro e consulto um dicionário cheio de
insultos, julgo saber pouco do tema e da
trama, há quem legisle sobre trema e
trema a mão na sentença sem deixar
que a escusa mão que guia a caneta
apareça na foto da primeira página, justo
é aquilo que sabemos, mas nem sempre se vê, e que raramente cheira bem. Aberratio ictus, cuspimos pro alto e choramos a má
fortuna. Demóstenes, justiça assim não me
atiça.
QUASE UM POEMA DE AMOR
Ao porquê de não repassarmos nada:
só nos resta vivenciar vestígios.
Traduzir sombra, refletir lagos parados.
Neruda ainda disputado, mas por
conta dos ossos de um poema,
Não pela carne que o recobre.
Corações quitados agora disputam
espaço com contas do cartão.
De fatura, uma suave ironia
põe rima em tudo, menos em solução.
Desça do pedestal, você tenta dizer
à musa. Mas a musa emigrou
para os quintos de algum inferno.
E tudo é motivo de mandar
tudo ao diabo.
O inferno e os outros.
Sonho estranho
Era a ponte do Rio Kwai, construída
às pressas às custas das presas e
do tempo livre. Era estranho e estanho
o que corria nos vagos vagões imaginados.
Seguia num barco, um bote gigante, uma
garrafa pet de guaraná Kuat. Na margem,
entre cortinas de névoa matutina, Iracema,
Caetano e Marina. O piloto ria em inglês, dizia,
(tradução minha): “ainda haveremos de colonizar essa porra”. Era estanho, ferro e aço
e o som no meio da mata, os automóveis que
viriam para a mítica eleição. Há patos que ficam melhor antes no tacape, depois no tucupi.
Lá depois do mar, verde e amarelo, de cana-de-açucar, nasceu Tennyson Albuquerque. Veio ao mundo no meio de um corredor da biblioteca municipal de Lucélia, em 2000, segundo conta sua mãe, e as mães não mentem, fazem ficção. Ainda segundo ela, o corredor era destinado à poesia Inglesa, daí o nome do poeta inglês. Nunca conheceu seu pai, talvez tenha feito falta, quem sabe tenha sido melhor. Tennyson é um jovem poeta do interior de São Paulo, ainda sem livro publicado, que vem aos poucos mostrando seus escritos por insistência e apoio de amigos; acredita que sem amizade o mundo deixa de vez de ser um lugar vivível. Sonha em estudar Antropologia na USP e viver em São Paulo (capital).
Deve ter muitos brasileirinhos desse tipo, mas poucos com garra e determinação de “ser” o que faz a diferença. Tu és um desses e eu ponho fé.
Cheguei aqui por postagem de Germano Quaresma no Facebook, onde tenho uma página “Sebastião Guimarães”.
Gostaria de acompanhar sua trajetória, pelo tempo que ainda me restar.
A poesia tem futuro.