A arquitetura da vigília, estearina das pálpebras.
Nossas mãos
Paradas. Nossas vozes cruas no animal.
A vida era tudo.
CEFALÓPODE
(Não houve a aniquilação das páginas do espanto.)
Passei
Pela colina dos teus lábios ensombrando por fora
As cartas, as orquídeas, a velhice:
Pura água nos espaços ardendo fundo ou artérias paradisíacas.
Então uma esfera de mênstruo e sal
Em Marte assim,
Um café nas tubas uterinas da noite.
E escrevi –
Rasguei uma nota demasiadamente pessoal:
Um oceano morreu no teu sexo.
Sei-o eu, teu texto.
De repente o cefalópode.
Quando sorvi a pérola das tuas pálpebras,
Quando cosi teu sangue, quando cozi teu nome,
Já era o tempo da imorredoura alquimia:
Tangerina áspera nas mãos apartadas.
Jefferson Dias (nascido em Monte Sião – MG; vive e trabalha em Ribeirão Preto – SP). Formou-se em Letras pela Universidade Federal de São Carlos. Seu trabalho de conclusão de curso consistiu em uma monografia acerca da montagem, empreendida pelo poeta Herberto Helder, do poema “Húmus” a partir do texto homônimo de Raul Brandão.
Poeta e prosador, publicou o livro de poemas Último festim (editora Multifoco, 2013); em 2014 teve o poema “Dédalo” publicado na segunda edição da revista “euOnça” (editora Medita). Em 2015 veio a lume seu segundo livro de poesia, Silenciosa maneira, que integra a Coleção Galo Branco da editora Medita (mediante o edital nº 34/2014 do Programa de Ação Cultural “Concurso de apoio a projetos de publicação de livros – coleção de obras inéditas no estado de São Paulo”). Escreveu, ademais, Qualquer lugar (poesia, inédito), Sonata do Diabo (romance, inédito). Atualmente apronta um livro de contos, ainda sem título, e trabalha na tradução do poema Briggflatts, de Basil Bunting.
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