MOÇA(MBIQUE)
Terra de mistérios e dores
Pátria de shongane, Xirilo e Mondlane
Terra da cacana e mandande
E do aroma da xima no carvão.
Moça(mbique)
Berço sagrado da Josina
Terra amarga, Mãezinha!
Onde o povo ronca pelo perdão divino.
Moça(mbique)
Terra de ouro e mineral
Patria amada dos que ousaram a lutar
País fardado de recursos minerais
Terra revestida de carvão
Moça(mbique)
Terra adormecida no berço
Pátria condenado a prisão perpetua.
Patria de Alberto chipande
Berço de Eduardo Mondlane
Terra derramada de sangue
Moça(mbique)
Terra Mãe, que me negaste o amparo
Patria amada de Lourenço Marques
Onde dorme mares de lágrimas
Por onde embarca barcos e navios
Moça(mbique)
Patria de causas imundas
Nação de meninos da rua
Terra de wazimbo e Mingas
país de tambores e guitarras acústicas
Berço sagrado dos artístas.
Moça(mbique)
Terra onde todos nascemos
Patria amada, onde enternamente crescemos
País onde quero morrer.
AS PEGADAS NO PASSEIO DO VENTO
Tu dormes minha virgem África!
Dormes mais que uma pedra estática
Enquanto não despertas
O teu mundo murcha.
Levanta-te do silêncio
E esgravata no meu corpo precioso.
Ó mãe África misteriosa
Vestida do aroma de ouro
E mineral
Como vagueias no alto da solidão?
Minha mãe
Minha rainha
Minha virgem
E idolatrada vaidosa
Enxergo-te a lacrimejar
Entre as paredes insólitas da panela de barro
Curvando-se aos pés da cacana e nhangana;
Das resinas verdes sob as folhas do Embondeiro.
Minha mãe
Teus olhos nus reflectem
Feridas de desespero
Marcas de solidão
Sorrisos de omissão
Governação histórica
E mortes das órbitas nos hospitais.
Mãe
Enxergo-te clamando
Sobre as montanhas do Zambeze
Rios e lagos do Nilo.
Lamento seus acutilantes sorrisos
Que hoje te condenam à solidão e desespero.
Mãe
Oiço o romper da sua corda vocal Chorando a histeria de uma política
(velha e caiada).
Seus filhos (em troca da liberdade)
Recatando feitiços
E dívidas acumuladas. Condenados ao trabalho
E à glória atrasada
Enxergo-te a lamentar
(de joelhos) cavando túmulos
Desterradas no umbigo do seu olhar.
Minha mãe
Oiço-te a gargalhar com a sua enxada de pau Rasgando a terra por uma migalha.
Diz-me mãe
Porque carregas cicatrizes
Meu berço coração
Filhos magistrados condenados sem razão?
Seu sangue mãe
Irrigando areia no orvalho da manhã
Porque tantos mistérios?
Guerras no save
E delírios das armas em muchungwe
Estiagem e secas imundos.
Minha mãe
Seu corpo põe-me a duvidar
De ti, minha amada.
Mamã África.
Ernesto Moamba, conhecido também como Filho da África, Nascido em 04/08/1994, em Maputo, Moçambique,
representante da nova poesia africana. A temática da sua escrita é marcada pela dor, desespero e o sofrer da sua Mãe África esquecida, um verdadeiro cântico de lamento, uma ode a África ancestral. Membro fundador da Academia Mundial de Cultura e Literatura, ocupa a cadeira 21, cujo patrono é o brasileiro Cruz e Souza. Publicou, em 2016, o livro de poemas intitulado “Liberta-te Mãe África”, pela Editora do Carmo.
Representa em Moçambique, a Fundação Noemia Bonelli, ocupando o cargo de Curador responsavel pela Folclore Luso-Africana.
Participa de varias Antologias Nacionais e Internacionais, assim como Revistas culturais.
Finalista de Prêmio Internacional Machado de Assis 2017.
Actualmente organizou a Antologia Brasil-Moçambique, em parceria com a Universidade Estadual de Piaíu, UESPI-NEPA.
Please follow and like us:
Mas penso que ele embora escritor nacional e internacional precisa de descascar a alma dentro dele, li os seus textos, penso que ele deve ainda aprimorar a leitura, compreender a semântica e a sintaxe das palavras, dominar a concordância de certos elementos que o condenam, assim como fazer dos seus poemas uma verdadeira poesia com musicalidade, ritmo e cadência. Quiçá assim poderá escrever o seu nome em letras douradas na literatura moçambicano.