ESTAMPA VIII
Rente ao rio
~ ≈ ~ ≈ ~ a flor
Se rende
~ ≈ ~ ≈ ~ ao frêmito
Da correnteza
Atira-se
~ ≈ ~ ≈ ~ contra
As águas
~ ≈ ~ ≈ ~ crendo
Na fluidez
~ ≈ ~ ≈ ~ da vida.
Contraversão
Adormecer e descobrir
Que o céu se moveu
Para debaixo dos pés
Um campo florido a exalar
Minhas auroras rupestres
Acordar e dar-se conta
De que o inferno troveja
Solidão sobre a cabeça
Este enxofre execrável
A suster o meu castigo.
1983
Quando a chuva lavava
As feridas da cidade
Levava consigo metade
De meus desperdícios
A outra parte servia
De isca para enganar
Adultos e adúlteras
Adubo na gestação
De outros calendários
As ruas se vestiam
De saias e calças novas
As calçadas viravam
Lousas onde a gurizada
Rabiscava búzios
Sonhos e percursos
Então uma saudade
Cheirando a alfazema
Vinha abrir goteiras
Dentro do meu silêncio.
NEURIVAN SOUSA é maranhense, natural de Magalhães de Almeida, radicado em Santa Rita/MA desde 1998. Poeta e professor da rede pública, é membro fundador da Associação Maranhense de Escritores Independentes (AMEI) e membro correspondente da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA). Entre outras publicações, é o autor de Lume (Penalux, 2015), Palavras Sonâmbulas (Penalux, 2016) e Minha estampa é da cor do tempo (Penalux, 2018).
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Belíssimas poesias! Precisamos da sensibilidade de bons poetas e escritores para fomentar leitores.
Efectivamente, como bien dice Sílvia en su comentário, la sensibilidad es un eje de la competencia literaria.Es necesario generar hábitos desde la más temprana infancia e poetas como Neurivan Sousa, piensa en este publico! Enhorabuena