Três poemas de Marta Aguiar

VIVÊNCIAS

Por valores enrugada
Envelhecida dos seres
Que em ti habitam
E tão despida de si
Torna-se tua algoz
Decide – se amargurada!
Os prazeres da vida não te excitam
Nem te parecem tão lindas as cores
E os amores.. Esses?
Já não existem mais em ti…

Diz: — Sou repleta das vivências
Que me impôs a vida
Infeliz na tão dita, audaz sabedoria
Mas a alegria de tocar as flores
Perdeu – se no labor das existências
Quebrou – se a redoma de tua morada
Lacrou – se com fel e cinza tua esperança
E, assim, falece o dom da eternidade
Envelheces ao escolher o fim.

Procuro um sorriso
Um olhar de descabida infância
Uma paixão que te banhe
Um aconchego. ..Alguém que te manhe!
Um sonho que sonhar possa.
És tu o amanhã que me espera
Talvez o ontem que de mim se apossa
A folha seca que no frescor remoça
A experiência que se conserva criança.

COISAS DA NATUREZA

Chove…
O vento frio me envolve
A chuva quente convida.
Nas árvores as folhas balançam
Cheiro e barulho me alcançam
A Terra se abre…Vida!
A Água perfura, inquieta
E a Terra, gozando, aberta
Se sente feliz, invadida.

Chove…
O barulho da chuva comove
Há encanto. O caminho conduz…
Os seres se abraçam, se esquentam
Olhos e bocas experimentam
Desejos repletos de luz!
A água penetra, doce espinho
A terra a recebe em seu ninho.
O sêmen forçando passagem
Semente que assume outra imagem
Aflora e em flora reluz!

DELÍRIO

Delira a Terra
E os loucos seres
Com seus pareceres
E ânsias de guerra.

Caminham insistentes
No desprezo pela POESIA
Enquanto trocam as penas
Com pensares e magia
Por metais e martírios.

Persistentes em delírios
São seres sem sonhos
APENAS…

Marta Aguiar, nascida em Rio de Janeiro, formada em Língua Portuguesa e Literaturas, com especializações nas referidas áreas. Hoje encontra-se como Professora, Revisora literária e Tecelã de sonhos, apaixonada pela arte da escrita desde criança.
Atualmente, com dois livros em preparo para publicação (Um de Poesia e outro de Contos).

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