Poemas de Denis dos Santos

 

pepperlegal - Poemas de Denis dos Santos

 

 

Galeria Retrô
Ao longe sente-se a voz da arte,
o caminho são todo vozes levantadas
feito brasas em contorno de obra.
Tragos e o grande final são
acompanhados de um leve crepitar,
as peles ganham vibração e tocam,
aos sentidos se somam novamente,
cor e cheiro são seu éter.
Seu mesmo sangue irriga e traz
uma ideia da profundeza da terra.
Antes de sair da unidade
o desapego é a menor energia,
o horizonte uma seleta de auroras
cercada de espelhos convexos,
o reflexo a substância do ser.
O eco são adornos de rocha
locupletando eus-líricos hermafroditas
para honrar os tons superiores,
um dia que fosse por origem.
Fica fácil seguir os tempos
das colunas vís da engrenagem viciando
a partir das lascas que restam.
#
 
Catarata
A lua torna noite branca.
O sol torna a morte branca.
O ar torna bruma de sonhos.
Tudo é alvo se molhando.
 
A estrela vermelha é branca.
#
 
Flores Douradas
Nestes dias percebi, meus
mestre era tudo surtador.
 
#
 
Linha 1 Verde
Antes trilhas do que vias
o espaço entre o ser e o eterno
do tempo em que éramos um
onde tantos nos desviamos.
 
#
 
Central Bacana
– Toca Raul!
Evolui a noção de um,
a Terra parou para sempre
e todos desceram na estação
das brumas do outono verdejante.
O calor de abano da paquera
é o tempero da brasa infinita
de galopadas fumaças e risos
largos das pegadas cavalgadas.
o sonho ideal conecta na realidade
quem encontra pela frente
a infinita ordem cotidiana
 
e viajantes ainda sem nome.
Quem vive procurando
dorme no escuro se achando
a luz do horizonte que desperta
e o sentido torna primavera.
Um tem algo aceso,
outro gira baganas escuras,
defuma a leva de liberdade
os altos da parada da glória.
Da janela odor de alívio
ao vento varrendo a área,
o hálito de fumo do coração
viciado revive o prado.
O quente sobe um frio que aquece
o morno ferve o chão de estrelas
o frio suaviza a malha surrada
mas a gelada é a porta de entrada.
Doce lembrança viva do um,
lá ninguém pensa na volta
a retirada a prazo da natura
pilar de todos os dias na labuta.
Ao longe a estátua perfeita do sol
alumia o pensamento único do dia,
da semana, o olhar de uma vida inteira
com um aceso de testemunha do todo.
Dorme nas tetas animais estudantes,
viaja nos galhos de metal o cabra
no tempo da cabra da grama molhada
e a criança da bala abrindo caminho.
Conversa todo destino e gosto,
todos os ritmos no balanço do trem
 
bala, na cadência dos bondes trilha
de pedras picos e antros montanhosos.
Entre as quedas da selva de pedra
roça rústico pé de passagem
do melaço jambo tronco das raças
criando terra no balanço das curvas.
A composição lustrada desliza direto
ao núcleo de baldeação das linhas aleatórias,
dando sempre no mesmo lugar
qualquer que seja o ponto final.
Em meio a todo cenário gritando
cor, a rocha rock das invernadas
empedra a roda das transformações
no palco do dia que é noite.
Nasce o dia mais estrelado
do dia em que a Terra parou,
um desconhecido apaixonou a cobradora
que liberou para sempre a catraca.
Todos sempre sem tempo
agora rumo à Parada Pinto
espirram na Boceta Grande
ponto de partida viandante.
Inflam vorazes as rugas das reentrâncias
alisando a pele de passagem dos povos,
a viagem acomoda a mente na série
de memória que se refaz pelas barrancas.
Os pés no trilho da Paixão
levita o espírito da massa,
o doce barato é o Paraíso
no embarque do Terminal Central.

 
 

Denis dos Santos: escreve poemas, resenhas e contos à 13 anos e acompanha saraus, cursos e palestras na região da Bela Vista. Tem um livro de poemas chamado Boemia & Subversão.

 

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