1-
nada resta
quase frenética me fiz despir
pele tirada em peças usadas
refiz
não mais me escondo de mim
vergonha arrancada que me permiti
corpo traído em al(maltrada)
tão baixa mulher me senti
nulo respeito presença me fez engolir
sofri
ao lado sentava das putas, bocetas e cus te serviam
pra homem sentir
rasgada joguei todo nojo
e nua de pele no osso
parti
leve renasce a pele
que não mais entregue se fez
hoje os toques sentidos
me fazem mulher que mereço
na pele vivo
prazer puro de homem
que troca verdade me mostra todo pertencer
2-
inesperado anuncia vida forçada inerte de tudo. surto joga da cama buscando o chão. monto retalhos já velhos de cheiro passado. exausta clausura me enche. parto sem certa procura e alma desnuda grita o nada que faço vestir. vida aposto na mesa…ganhando sempre perdi
3-
caos me remota maldita porta fácil acesso. entravo em vértebras corpo perdura travando chegada. sinto meu nada alongado desfaço entravo no antes travado de vida. músculos fartos de fome sem nome o homem decido comer. impondo limite que ganho…não entre sem antes bater
4-
e no meu cigarro, em cada trago me lembro do quanto nocivo se faz preenchido seu ser. solto no vento limpando por dentro as mil substâncias impuras formando fumaça que longe traz- me a cura aspirada…pura. queimando aos poucos vou saboreando suas cinzas tão sujas. e largo no lixo o filtro fedido cheio de você…e da boca limpo sabor que o limo sujou-me no vício do fumo barato que ganhei em te ter
5-
odeio quando me cai todo peso do fácil julgar. reconheço imperfeito meu ser, em atos e passos vivo na busca calçando verdade toda minha entrega. sem dolo erros me fazem parte. não saio impune, cumprindo pena que dei-me. basta sentença pesada por tanto falhar. luta que mente promove, absorvo pancadas que marcas deixadas gritam sem piedade: preciso mudar. sem desistir história que fim desconheço, mudo roteiro…linhas que brancas escrevo retalhos no tempo que me restará
Flavia D’Angelo, 46 anos, natural de Niterói, divorciada. Foi blogueira e sempre amante de poesia.
Como brincadeira escreveu seu primeiro poema após uma briga com seu ex namorado rs. Deu certo, serviu para alguma coisa. E hoje expurga linhas e palavras como terapia.
Obrigada. Grande honra!!
Prosa poética efervescente! Verve inconfundível! Intimista e confessional, quase sempre experimental! Um delicioso prazer ler Flavia D’Angelo!