II
bilhete
rio fênix por que escreveríamos river phoenix? talvez para que em sua língua você ressurja das cinzas menino-rio de um rio tão distante que se perdeu da vista se perdeu da mãe no imenso abraço-oceano a mãe-baleia com seu urro urrando bramindo em céu noturno, insano bramindo buscando o rio-mar que o rio de tão solar é rio escuro e se adormece em seus braços então por que não chamá-lo? por que não acordá-lo para que venha e nossa língua ressurja das cinzas menino de olhos cor-do-rio menino bonito sob o sol vou chamá-lo de cristalino assim para que ria pássaro sem mágoas que a palavra escrita aqui nessa língua é river e se espalha quando voam suas asas sobre a minha casa e menino você rindo azula os seus cinzas sobre o rio como a fênix flutuando sobre a água,
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Jussara Salazar é escritora e artista visual. Publicou Inscritos da casa de Alice [1999], Baobá, poemas de Leticia Volpi, [2002], Natália [2004], Coraurissonoros [Buenos Aires, 2008], Carpideiras [2011] com a Bolsa Funarte, ficando entre os finalistas do Prêmio Portugal Telecom na edição de 2012, e O gato de porcelana, o peixe de cera e as coníferas [2014] e Fia [2016]. Tem sua obra publicada em diversas revistas e traduzida para o inglês, o espanhol e o alemão. É Mestra em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/São Paulo.
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