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largo de dia,
de noite se contrai
penso no cu desértico
da última experiência
aquela que se faz no eco das colunas,
nenhum fruto, todos os registros.
*
um equilíbrio voraz
entre as forças de coerção
nos mantém estáticos e feridos
um equilíbrio voraz
entre as forças de coerção
nos mantém distantes
da cura e do êxtase
não há nada de natural
no rio que nos afoga
é feito de engenho e abusos
não há nada de extraordinário
no rio que nos afoga
é feito de braços
como o meu e o seu.
*
um colírio que faça do olho calo
(seria proibido, claro) com qual
arrastar o rosto contra o mundo
eis o poema, se engana quem vê
no artista gente mais sensível,
este riscar com o membro morto
ou é sadismo ou é desespero
enquanto espera o contrabando
de falhas ainda mais armas
*
Leandro Rafael Perez é formado em linguística. Não trabalha na área. Tem a altura da Carmen Miranda com chapéu-coco e é da divisa com Diadema, SP. Tem três livros de poemas publicados pela editora Patuá; o último, pau mole (2017). Atualmente, escreve seu primeiro romance, sobre a figura do másculo na comunidade gay.
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