vão (inédito)
o tumor à flor da pele
na pele do peito feito flor
carnívora vermelha em desalinho
derrama-se nas praças nos lares
pelas sarjetas velas acesas
pétalas mazelas
juízes encarceram
um homem
um projeto de país
escorrem das grades
pistilos pus pólen cicuta
no oco solo da cela
o silêncio é vão
morro do querosene (inédito)
tirar o verniz dos olhos
da pele do íntimo
aceitar os rótulos
com a coragem
incendiária
da fome
guardar na memória
o roteiro do curta
que um dia talvez
posse perda
assentamento
festejar o que foi sim
o cheiro o gosto o olhar
quando tudo poderia
apenas ter sido
não
para borges
a vantagem dos labirintos
é que é possível entrar e tirar
os sapatos
percorrer a perda com os
pés descalços dá um enorme
prazer
do livro sol quando agora
diana junkes é poeta e crítica literária. nasceu em são paulo num junho gelado, em 1971. atualmente, é professora de literatura na universidade federal de são carlos, onde também coordena o grupo de estudos de poesia e cultura. dedica-se ao estudo da poesia brasileira contemporânea e, particularmente, à obra de haroldo de campos. dentre suas publicações destaca-se o livro as razões da máquina antropofágica: poesia e sincronia em haroldo de campos, editora da unesp/2013. como poeta publicou em revistas eletrônicas e blogs e é autora de clowns cronópios silêncios (2017) e sol quando agora(2018) pela editora urutau (2017).
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