Três poemas inéditos de Anna Apolinário

Apolinário 225x300 - Três poemas inéditos de Anna Apolinário

 

 

Flutissonante

Ornada de ametistas
aporto, amor
à tua mansarda

Ao longe diviso teu corpo
veludo magnetizado
em desejo
e quase tateio
o antegozo

Caminho
vestida em rendas
rubra e líquida

Há sempre um poema
vagando obsceno
em minha língua

Há sempre uma febre
fazendo-me nua

Aporto, amor
em tua pele
incandescendo

 

 

Mimetismo

Transmuto-me
sereia, onírica
deitando em tuas águas
meu corpo, meu verso
ígneos

 

 

Intermitências

O que em ti há de mar
sereno, brando
em mim, centelha
não pede,
vocifera

 

 

Anna Apolínário, natural de João Pessoa, Paraíba, publicou os livros de poesia: Solfejo de Eros (CBJE,2010), Mistrais (Prêmio Literário Augusto dos Anjos, 2014) e Zarabatana ( Patuá, 2016). Participou da antologia de contos Ventre Urbano (Penalux, 2016). É co-organizadora do Sarau Selváticas de autoria feminina.

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