“fui comprar um coração usado” – Três poemas de Greta Benitez

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Poemas de Greta Benitez

 

Pergunte a Ela

A cidade está nua
A cidade se mostra
Exposta
Talvez esta seja a hora de achar a resposta
A cidade abriu sua porta
A cidade ri, não se comporta, se entorta em sol
E paixão concreta
A cidade sabe a resposta certa

 

 

Brechó

Como me sentia
muito entediada, vazia e só
fui comprar um coração usado
num brechó.
Encontrei de vários tipos:
lantejoulas, renda, pelúcia,
corações de vó (ao lado do pingüim de geladeira)
cristal, vidro e madeira
corações de freira
e um em especial
que já havia sido apertado por espartilhos.
E foi bem esse que me disse:
“Vá em frente, moça. Tudo que você precisa é de um pouco de fé”

 

 

Perfeição

Gosto de ver o gato na janela
perfeição da natureza
olhos verdes, vento
céu azul.
E sob esse olhar
ao pôr do sol
a cidade desmaia.

 

 

Greta Benitez nasceu em Curitiba. Lançou “Rosas Embutidas” (Edição do Autor, 1999), “Café Expresso Blackbird” (Landy, 2006) e Canção Antiqüe (Patuá, 2013). Foi publicada em revistas como “Oroboro”, “Et Cetera”, “Continuum” (Itaú Cultural) e “Brasileiros”. Também está em edições eletrônicas como “Zunái”, “Germina” e “Mallarmargens”. Participa de diversas antologias, como “Todo Começo é Involuntário- A poesia brasileira no início do século 21” (Lumme, 2010), organizada por Claudio Daniel, “Fantasma Civil” (Medusa, 2013), organizada por Ricardo Corona e “101 Poetas Paranaenses- antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI”, (Selo Biblioteca Paraná, 2014), organizada por Ademir Demarchi.

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