FRIDA KHALO, TUAS CORES NOS HABITAM
Soltei os parafusos do tempo
Voltei ao Zócalo da multidão
Que caminha desde
Cortéz
Desde os gritos da dor
Desde os Verdes pintados a
Vermelho, invasora presença
Prolongada presença invasora
Agora vizinha presença
Das cerceadas vontades
Das tratativas de romperem
Os mapas Maias do conhecimento astral
Da vida a contemplar
Pirâmide de Sol e Lua
Pousando aos campos a semeada esperança
Os murais de Diego Rivera, imponentes
Seguindo o rio imperioso Inca dos grandes feitos
Estanques totens Estelar início
Murmúrio chiados
Chiapas resiste nas cores tecidas
Em flores bordados
Em laços cetins
Ornando as tranças
Cabelos negros
Crianças na argila
Moldando uma vida
De água pouca e luz profunda
Distrito Federal de coração verde
Chapultepec, alma do povo
Privatizada a esperança,
O público espaço, sonhado
Liberdade
E a presença de Frida,
Khalo, nunca calou
Nem na dor da alma
Nem na dor d corpo
Ao espelho seu corpo pintava
Em suas mãos o México
Em Dor
Em flor
Em cor
O Diego
As mãos e corpos
O amor, as tintas se valsam
A paixão, a casa de flores
O encontro, a outra paixão
A artimanha, pra chamar atenção
Que o amor quer ser amado
Arbusto de seiva
Aos seios da flor
Pintura e pintura
Painéis e bordados
O México já volteia
Na Serra e
La Candona em esperança
Que o amor mesmo na dor
Geriu a pintura que grita
´Pariu nós todos de novo
Na história que nascemos
E na que vamos fazendo
Frida Khalo
A voz em tinta
Que entoou sua dor
Nas cores vivas do México
No país que somos todos
O AMOR
O amor é como uma criança que surpreende
No sorriso aberto e abraço em ternura
O amor é o corpo que amanhece
Logo que a lua adentra a fresta
Da janela entreaberta
E afasta o sono, abrasando
O buque de desejos, que tatuam o quarto
O amor é o perfume
Extraído do frasco
Do melhor do nosso ser
É o medo de atravessar uma e outra
E tantas vezes a rua da solidão
Que um dia o amor se esvai, transmuta
E já não somos d.amor a presa fácil
É o desejo de sentir n.outro
Um rio jorrando estrelas
Quando o olhar pousa o meu olhar
E a criança que fui, retorna
N.alegria infinda
Da pequena eternidade d.encontro
São tuas mãos cavando a terra
Das árvores ao fruto
Que plantas e me recolhes
Do varal onde lavei minha descrença…
O amor é o manto de estrelas
Onde caminhamos em pensar
Como pássaros, voando
Voando…
TECLAREAR
Em minhas vazias mãos
Ainda trago a lua plena
Filetes da luz noturna
São uma coroa deste reinado
De águas e fugidias palavras
Tão virtuais imagens nascem
Antes da lua que de minhas
Cercanias se afastam
Nadam destes mares
Teclareando o dia
Nascido da virtual noite
De constelação de palavras
Nadam todas em algum oceano
Cósmico , aonde ali na esquina
Foi ontem,atravessando o
Outro lado da margem…
A Lua nua baila de um som distante
Sigo … nada encontro além de saudades tuas
Em minhas vazias mãos de luz fugidia
De teu corpo do outro lado do rio….
Carmen Fossari é natural de Florianópolis, filha de Domingos Fossari e de Irene Maria Belli Fossari. É mestre em Literatura Brasileira, pela UFSC, com opção em Teatro, e doutora, também pela UFSC, em Engenharia e Gestão do Conhecimento com a tese “Criacão do Conhecimento em Processos Dramatúrgicos à Luz do Texto Literário”. Diretora de Espetáculos do Departamento Artístico Cultural (DAC)/SeCArte da UFSC. Coordenadora e professora da Oficina Permanente de Teatro da UFSC. Diretora e fundadora do Grupo Pesquisa Teatro Novo/UFSC.
Atriz, escritora, produtora e diretora teatral já dirigiu e produziu mais de 60 peças teatrais nas categorias de Teatro Adulto, Infantil de Títeres e de Rua.
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