Fernando Andrade entrevista o poeta e livreiro Olavo Wyszomirski

43307278 306190660205073 3278200541053714432 n - Fernando Andrade entrevista o poeta e livreiro Olavo Wyszomirski

 

 

FERNANDO ANDRADE TUA POESIA TEM UM TOM BEM COLOQUIAL, MUITO PRÓXIMO À CRÔNICA. VOCÊ É CURIOSO COM O REAL QUE O CERCA?

OLAVO WYSZOMIRSKI  – Como não manter os olhos atentos e os ouvidos bem abertos para o que o mundo e a vida a todo instante nos oferta, com toda a sua generosidade, fúria e beleza? Acho que a simplicidade define o meu primeiro livro de poesia, “A Lírica da (In)certeza”. A simplicidade me comove. Do contrário, como poderia escrever sobre algo que não me arrebata por completo, que não faz o meu coração saltar pela boca? Sim, há poesia no cotidiano de sabores, dissabores e sofrências. O mundo viceja e nos conclama a vivê-lo a todo momento. A todo momento uma borboleta morre ou um grito é silenciado e nada disso vira notícia.

 

FERNANDO ANDRADE – HÁ UMA RELAÇÃO ENTRE DESCREVER OBJETOS, CENAS, SENTIMENTOS E UM ATO DE REFLEXÃO MEDIADO PELA POÉTICA. TUA POESIA É UMA ARTE DE TIRAR O PESO DAS COISAS?

OLAVO WYSZOMIRSKI – Há um dado curioso nesse meu livro de poemas em prosa e aforismos, “A Lírica da (In)certeza”. A começar pelo título na capa e a ausência de títulos em cada poema. Isto porque vivemos em um momento de grande instabilidade e a própria vida também é isso, a arte de passar e deixar passar. E o livro foi todo concebido com esse discurso, ora tirando o peso das coisas, ora fazendo com que a reflexão venha à tona com todo o seu peso, a sua carga poética, seja através de um estado de espírito, uma dor, o que for.

 

FERNANDO ANDRADE –  QUAL É HOJE A ARTE DE SER LIVREIRO?

OLAVO WYSZOMIRSKI  – Gosto muito de uma imagem em particular. Um homem com um archote, em meio a uma infinidade de corredores labirínticos, está em uma busca infinita e, à medida que avança, rasga a escuridão. Não importa tanto o que ele procura. Antes, sua busca o define. A escuridão pontua um mundo sem livros, os corredores labirínticos, as estantes de uma livraria imensa, o archote, o livro que ilumina mentes e caminhos e, o homem que o segura, o bom livreiro e sua busca infinita e atemporal. E essa é a arte de ser livreiro, seja em um mosteiro da idade média, em um sebo em Bangladesh ou em uma livraria no Rio de Janeiro de hoje.

 

 

 

afernandoab 300x300 - Fernando Andrade entrevista o poeta e livreiro Olavo WyszomirskiFERNANDO ANDRADE é jornalista, poeta e crítico de literatura. Faz parte do Coletivo de Arte Caneta Lente e Pincel. Participa também do coletivo Clube de leitura onde tem dois contos em coletâneas: Quadris no volume 3 e Canteiro no volume 4 do Clube da leitura. Colaborador no Portal Ambrosia realizando entrevistas com escritores e escrevendo resenhas de livros. Tem dois livros de poesia pela editora Oito e Meio, Lacan Por Câmeras Cinematográficas e Poemometria , e Enclave (poemas) pela Editora Patuá. Seu poema “A cidade é um corpo” participou da exposição Poesia agora em Salvador e no Rio de Janeiro. Lançou em 2018, o seu quarto livro de poemas A perpetuação da espécie pela Editora Penalux.

 

Please follow and like us:
This Article Has 5 Comments
  1. Antonio De Biase Wyszomirski Reply

    Grande Sobrinho . Longevidade intelectual em amplo crescimento.

    • Olavo Wyszomirski Reply

      Grande Tio, é preciso ousar questionar, sempre! E se vier acompanhado de afeto e respeito, um tanto melhor! Um abraço imenso!

  2. Judith De Biase Reply

    Que bela entrevista! Consistente e impregnada de sensibilidade!

  3. Olavo Wyszomirski Reply

    Obrigado, Edjane!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial