MÁQUINA DE BARRO
Sou de barro
Sou da lama
Sou menino
Sou da ama
Querem de mim:
Seja de aço
Seja herói
Seja máquina
Viva sempre nesse quintal
Sou frio
Sou trigal
Sou madrugada
Sou plural
Esperam de mim:
Seja lógico
Seja simbólico
Seja tudo
Seja imundo
Sou insanidade
Sou verdade
Sou lua
Sou nudez
Pensam de mim:
Impávido
Colosso
Rei
Senhor
Sou fugas
Sou mordaz
Sou amabilidade
Sou prodigalidade
BARCOS DE PAPEL
Acorrentados pela própria natureza
No submundo dos desejos navego em paz
No mundo das representações vivo feliz
Subjugado pela matriz
Barcos de papel em meio a tempestade
Carne humana no varal
Sentimentos de carnaval
Pesadelos de menino
O tempo como donzela
Os amores incolores
Os amantes da noite
As dores coloridas
Os senhores na vala
Os escravos na cama
Todos na roda de ciranda
Com o coração na lama
RETALHOS DE CARNE
Retalhos de carne pelo chão
A vida em frangalhos no sertão
Sangue em todas as ocasiões
A tristeza como folhas secas pelo chão
Adubando o arado coração
Retalhos de alma espalhado ao vento
Lágrimas purificando o visionário
Ressurgindo das cinzas um novo conto
O abismo chamando os sábios para a
Purificação
Fragmentos de humanos em cima do muro
Heróis encantados pelo umbigo
Fantasmas do surreal destino
deuses chorando por não sentir dor
Eu encantado por ser um ator
ALESSANDRO GONDIM DA FROTA, natural de Rio Branco, poeta, bacharel em Teologia, e formando em filosofia pela Universidade Federal do Acre. Estreou na poesia com o livro HOMENS E DEUSES (2017). E agora lança a sua segunda obra, O DRAMA DE SÍSIFO (2018), também de poesia. O poeta integra, também, a Sociedade Literária Acreana, movimento literário, artístico e cultural, composto por vários escritores e artistas acreanos. Sua poesia, embebida em fontes filosóficas, é marcada, sobretudo, pelo senso crítico, social e existencial.
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