Labirinto
Com sua ausência:
a vida
nos vãos da casa
Caminhar
pela vertigem do espaço
vazio,
correndo o risco
de me perder na matéria
de cada objeto
Entre os abismos
concretos:
o solo movediço
de todos os versos.
O riacho
Com sua partida:
a metamorfose
O riacho, antes calmo,
cresceu, agitou-se
e ganhou ânsias de rio
Águas calmas se revoltaram,
fazendo precipitar
pedras sobre outras perdas,
as quais pensava,
de tão profundas,
bem assentadas
Pura ilusão,
perdas nunca se vão.
Morte de Narciso
No lago,
turva superfície agora desvalida da profundidade
Lados distintos
que não se deixam mais ver
e o reflexo recolhido
à sua própria ausência
A morte a espalhar-se horizontal, opaca,
impenetrável
Do Outro não se conhece
o destino.
Assédio das águas (páginas Editora 2017)
Autor: Luiz Walter Furtado
98 páginas
Luiz Walter Furtado nasceu em Belo Horizonte, vive em Ouro Preto, MG, e começou a escrever poemas aos 57 anos. Acredita que a escrever é um ato de resistência. Escreve poesias para tentar dizer, com versos desmedidos, da língua que não cabe no silêncio.
Tem poemas publicados em várias revistas digitais, publicou Revelações (Penalux 2016) e Assédio das águas (Páginas Editora 2017).
Contato: E-mail: lwfsousa@gmail.com
Agradeço à equipe da Revista digital Literatura e fechadura, em especial a Jean Narciso e desde já esta será uma revista de leitura obrigatória para aqueles que amam a poesia.