Das suposições
chamaram-no órfão
diante
do abandono presumido
pelos textos emitidos
sem qualquer intenção
de sê-lo
choques sentidos
aqui e acolá
pra serem interpretados
com base em gabarito estipulado
por um só
lá fora o pampa chora
na chuva-com-sol
bichos enlameados são produzidos
luzes-enigmas cintilam
tudo anda como deve(?) andar
desde os astronautas
aos micróbios
mas ele ainda é órfão
sem sê-lo
supor
–
supõe-se
–
é ouvir mudos
Le grand art
por meio de pesquisas oficiais
homens que matam mulheres
após o fim do relacionamento
amoroso são encontrados, em
sua maioria, nas grandes cidades,
ocorrendo os feminicídios
a pretexto de que as companheiras
seriam o único vínculo real
daqueles homens nas metrópoles
abjetas, não vendo eles outros
motivos pra nelas viverem
glamourizando os atos, novo
Larry Clark retratá-los-á em
preto e branco antes ou após
segurando as facas
apontando os cassetetes
munindo o soco e a pistola
depois as fotos seriam
publicadas em livro a decorar
a mesa-de-centro das famílias
ditas Normais, ao lado das
fotos reunidas também em capa dura com
títulos inspirados de
Brassaï e Salgado
quanto aos demais viventes
do interior e descartadas urbes,
não se chegou a um consenso
do porquê de sua irascividade
ao sexo feminino
pelo mesmo motivo
– atribuir-se-á, sem muito tardar,
tais atitudes à falta de
vindouros fãs
***
letras que formam
palavras que formam
períodos que formam
parágrafos que formam
ideias
deformando
letras
palavras
períodos
parágrafos
encravados
na rotina estúpida da empáfia pré-montada reinante
taí o poder
o poder subestimado
Andrei Ribas
É autor dos livros O monstro (2007),Animais loucos, suspeitos ou lascivos (2013), Cada amanhecer me dá um soco (2016) e Romântico visceral sob o céu fragmentário (2017). Possui trabalhos reproduzidos nas revistas eletrônicas Flaubert, R.Nott, Gueto, entre outras.
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