“com a língua no pulso desta palavra” – 3 poemas de Ana Maciel

 

De um parto fluente e espesso

Como um rio caudaloso

Vem a galope

A poeta que põe a língua em risco

Aquela que goza seu avesso

E levita no abismo

*

 

 

 

toca os vincos do corpo

entrocamento ressonâncias muralha

atravessa minha casa

com a língua no pulso desta palavra

que é de flanco é de fuga é de asa que rufla

estilhaço do silêncio no templo de buda

também é de brasa esta palavra

germinada no ovário das horas

o tempo é bélico e de fuzis

máquina que nos mira ceifa e lavra

*

 

 

 

Réstia de lume

Ateadas na faixa de gaza

Toma esta labareda

Que construí dentro da palavra

*

 

 

 

Ana Yanca Maciel é de Porto Velho, Rondônia, pesquisadora em Literatura Brasileira. É poeta com poemas publicados no jornal Alto Madeira pela coluna Arigóca, em antologia pela Porto de Lenha e estampou-se por 29 cidades em rede através do circuito grude, um circuito de livre trocas de lambes. Poeta estreante, dona de partos e suspiros, Ana se abre à transgressão da linguagem e se expõe às margens longínquas do formalismo, tornando-se desmembrada nos (des)limites do corpo avesso e aberto do poema.

 

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This Article Has 2 Comments
  1. Rubervam Du Nascimento Reply

    Quero conhecer mais poesia da Ana Yanca Maciel. Desconfio que é dona de algumas pegadas interessantes. Ando atrás do verso que me inquieta, que me provoca. Posso ter o seu contato em Porto Velho?

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