O livro de poemas de Fernando Andrade recompõe as relações de modo a amalgamar as percepções sobre a vida.

Acapa da perpetuação da espécie - O livro de poemas de Fernando Andrade recompõe as relações de modo a amalgamar as percepções sobre a vida.
 
 
 

 Jean Narciso Bispo Moura

 

Desfolhar a árvore da linguagem, sentir o seu caule, todo o organismo que o retroalimenta num permanente saber que o entorno ratifica e dá possibilidade de  existência.
O livro Perpetuação da espécie, Penalux (2018) tem um quê de introspecção e introjeção na cápsula de nossa viagem-humana, ele recompõe e revisita as relações de modo a amalgamar as percepções sobre a vida.
Perpetuação da espécie concentra-se na continuidade e no porvir. Fernando Andrade põe uma lente sobre o antropos, retrata a dinâmica e o arranjo social.
O autor em um jogo poético e sofisticado desliza com agilidade de um alpinista nas paredes íngremes da palavra com muito verdor e beleza. Ele reconstrói no imaginário uma segunda e invisível tela  ao nos mostrar apenas a primeira.
A poesia de Andrade escala a linguagem, não tem temor técnico de lugares altos, não nos causa vertigem, mas sim encantamento e feitiço melódico ao lê-la, em uma consonante tradução do homem visto, por ele, como complexo, múltiplo e inserido numa perpetuação da espécie.
O livro deste poeta está dividido em 5 partes, descreve o iceberg do humano ocultado  em nós.
Os versos de Andrade respiram, deste modo, reflexivos sobre a linha da existência humana, compondo olhares projetivos nesta contínua Perpetuação.
O poeta, em suma, com o seu belo livro, toca o espírito com a palavra e sopra no ouvido o som de um lendário flautista, sem se igualar a um Hamelin, apenas identifica os ratos que atormentam a cidade, que expurgam a liberdade, a civilidade; é uma exemplar recusa a tudo aquilo que nos miniaturiza dentro e fora da urbe.

 
 

jean 300x300 - O livro de poemas de Fernando Andrade recompõe as relações de modo a amalgamar as percepções sobre a vida.Jean Narciso Bispo Moura (1980). Poeta, natural de São Félix-BA e reside atualmente em Suzano-SP. Estreou em livro no início dos anos 2000, com o título A lupa e a sensibilidade, também é autor de 75 ossos para um esqueleto poético (2005), Excursão incógnita (2008), Memórias secas de um aqualouco e outros poemas (2011), Psicologia do efêmero (2013), Retratos imateriais (2017) e  Dentro de nadir habita o zênite, Ed. Folheando (2018)
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