Café em chávena

Tem gente que ama etiqueta, gosta de tomar café em chávena, segurando com dois dedos e delicadamente no pires e se possível degustar uns biscoitinhos.

Penso que isso tem a haver com a literatura, muitos dos bons livros de poesia, se forem lidos pela superfície, pela aparência, serão preteridos, pois eles  não se ofertam de maneira imediata e nem à primeira vista.

Muitos apetrechos escriturários: “história pessoal do autor”, permutas literárias, conversas secretas, encantam como um café numa chávena, no  front contrário livros instigantes e até mesmo bem estruturados do ponto de vista de disposição no papel, mas sôfregos por não  serem tão bem relacionados, se mostram como café oferecido em um copo que, para os mais exigentes, seria com muito custo um objeto que mal cumpre o ofício para o oferecimento de bebidas frias.

A Poesia vai muito além dessa ridícula aparência primeira, é preciso abrir os nossos sentidos de leitores para algo muito maior do que aquilo que reiteradamente se apresenta como verdadeiro.

 

jean 300x300 - Café em chávena

Jean Narciso Bispo Moura (1980). Poeta, natural de São Félix-BA e reside atualmente em Suzano-SP. Estreou em livro no início dos anos 2000, com o título A lupa e a sensibilidade, também é autor de 75 ossos para um esqueleto poético (2005), Excursão incógnita (2008), Memórias secas de um aqualouco e outros poemas(2011), Psicologia do efêmero (2013), Retratos imateriais(2017) e  Dentro de nadir habita o zênite, Ed. Folheando (2018).

 

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