“Às vezes as noites me nascem” – Três poemas de Fernando Maia

 

 
FUGA

A noite me cobre

e me beija.

E os poemas fogem

com meus sonhos

 

Os poemas aventuram-se

na madrugada das coisas.

E me esquecem dormindo

Do lado de fora

Do sonho.

 

 

ESTILHAÇADO

Estou num pedaço meu

e são tantos os eus por aí..

Dentro desses pedaços

encontram-se a soma exata

de cada pedaço

O mesmo eu

E s ti l

ha

ç

a d

o .

 

 

 

INSONE

Tanta madrugada habita meu dedo

Que expurgo vírgulas tão compridas

Quanto bocejos.

A noite que eu roubo do mundo

Equivale a sorrisos que me roubam de flores.

 

Ah! Às vezes sou um grito de trevas

A abarrotar as ruas de matéria escura

E de coisas escondidas.

Às vezes um telhado a olhar estrelas sem estrelas

Outras vezes apenas o lado escuro

Que me apodrece.

 

Às vezes as noites me nascem

Outras, me esquecem.

 

E Tantas as noites que acordo o dia…

Que às vezes nunca amanhece.

 

 

Fernando Maia da Motta é professor, poeta e compositor. Graduado em História e Mestre em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro –RJ.  Declamou seu primeiro poema para amigos e grupos de poetas e assim continua desde os anos 90. Atualmente, se envereda pelos caminhos da composição de sambas populares tendo registrado seus primeiros sambas. Hoje entende que a linha melódica da música popular é  uma passarela para o desfile da sua poesia.

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This Article Has 4 Comments
  1. Ricardo Mainieri Reply

    Ótimos poemas, com densidade e dicção própria. Parabéns!

  2. Fernando Maia Reply

    Muito obrigado pela observação profunda e carinhosa.

  3. Maize Gondin Reply

    Muito bons meu digníssimo Fernando Maia. Parabéns!

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