FUGA
A noite me cobre
e me beija.
E os poemas fogem
com meus sonhos
Os poemas aventuram-se
na madrugada das coisas.
E me esquecem dormindo
Do lado de fora
Do sonho.
ESTILHAÇADO
Estou num pedaço meu
e são tantos os eus por aí..
Dentro desses pedaços
encontram-se a soma exata
de cada pedaço
O mesmo eu
E s ti l
ha
ç
a d
o .
INSONE
Tanta madrugada habita meu dedo
Que expurgo vírgulas tão compridas
Quanto bocejos.
A noite que eu roubo do mundo
Equivale a sorrisos que me roubam de flores.
Ah! Às vezes sou um grito de trevas
A abarrotar as ruas de matéria escura
E de coisas escondidas.
Às vezes um telhado a olhar estrelas sem estrelas
Outras vezes apenas o lado escuro
Que me apodrece.
Às vezes as noites me nascem
Outras, me esquecem.
E Tantas as noites que acordo o dia…
Que às vezes nunca amanhece.
Fernando Maia da Motta é professor, poeta e compositor. Graduado em História e Mestre em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro –RJ. Declamou seu primeiro poema para amigos e grupos de poetas e assim continua desde os anos 90. Atualmente, se envereda pelos caminhos da composição de sambas populares tendo registrado seus primeiros sambas. Hoje entende que a linha melódica da música popular é uma passarela para o desfile da sua poesia.
Ótimos poemas, com densidade e dicção própria. Parabéns!
Muito obrigado pela observação profunda e carinhosa.
Muito bons meu digníssimo Fernando Maia. Parabéns!
Muito obrigado pelo carinho, minha querida.