“Quisera eu ser um pássaro livre” – Três poemas de Nenel Araújo

 

 

SANTIFICADOS

Santos [insantos], santificados
Infames famintos, insaciáveis
Justos injustos, justificados
E o murmúrio do enfermo é abafado
Somente pela morte é aliviado
E as misérias e palafitas
De um Rio negro
Por belas torres à beira mar
São obnubiladas
Só para não se enxergar
Que do lado de lá
Santos [insantos], são santificados
Infames famintos, não são saciados
E justos injustos, sempre justificados.

 

 

DIMENSÕES

Quisera eu ser um pássaro livre
Para voar de encontro ao vento
Que trás o futuro
E perguntar-lhe
Sobre um passado
Onde um dia
Me disseram
Que o futuro, era Eu!

 

 

O HOMEM

O homem não se contem
Contenha o homem
O homem não se subsidia
Subsidie o homem
O homem não se entende
Entenda o homem
O homem não ser atrasado
Atrase o homem
O homem não se detém
Detenha o homem… Detenha o homem…
O homem… O homem… O homem…
Oh! homem atrasado!

 

 

Emanuel Araújo Pereira de Jesus ou Nenel Araújo, como é mais conhecido, nasceu em São Gonçalo no dia 25 de novembro de 1982. Admirador confesso do grande poeta português Fernando Pessoa e fortemente influenciado pela filosofia existencialista. Nenel Araújo traz em seus poemas questionamentos e críticas que reafirmam a frágil condição do homem perante a vida, o universo e a morte. Conciliando, com maestria, poesia  e reflexão filosófica, o poeta, com o olhar atento, perscruta os abismos e de lá extrai a síntese de sua obra.

 

 

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