I
Sus
tenho,
perduro
a rara beleza
calada e malva
na cápsula
d e l u
z
II
Os meus sonhos são simples.
bordel e prisão, um vestido dormido, milhões de línguas cortesãs,
uma maçã trincada, jazz moderno, uma imposição vitoriana,
talento comercial, cruzamentos, estações por abandonar, sorrisos
satânicos, belas rameiras, uma precetora desenhada e cobras, e
mais cobras.
Os meus sonhos não sei se são simples.
II
Hoje acordei com uma andorinha no estômago.
A noite era de tempo limpo e sono.
Sabia a quebra milenar, cabelo solto.
Nenhuma angústia, lei, mato ou víscera defronte.
O prédio seguia o seu curso normal de vida, espécie de abrigo impune.
Gineceu.
Observava sem capacidade estrelada o céu, quando a miúda astronomia me
espantou a inocência.
A circular impressão se revelara
.
Tal como no meu estômago, assim uma via-andorinha se alongava, qual
fita emprestada, distraidamente, no ar.
Pedro Vale – poeta português, autor do livro Azul Instantâneo, 2018.
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