O 18º Andar e as lavadeiras de Alagoas, por Evilásio Júnior

 

 

O 18º Andar e as lavadeiras de Alagoas

 

Como o título sugere, o que há de semelhanças entre a novela escrita por Marcos Fábio, “O 18º Andar” e as lavadeiras de Alagoas? Tudo. O autor seguiu à risca a imagem evocada por Graciliano Ramos, exemplificando o trato que o escritor deve ter com a linguagem: a lapidação da palavra, a concisão, uma escrita enxuta. O professor Marcos torce a linguagem como as roupas molhadas nas mãos fortes das lavadeiras, até ela sangrar sua última gota.

Foi assim com a sua primeira novela, lançada pela editora Catarse, através de incentivo financeiro da FAPEMA, por meio do Edital Literatura, de 2016. Esta obra faz o leitor pegar carona na garupa da moto de Caio, que conhece Laís após um acidente, quando esta lhe presta socorro, ajudando-o até sua plena recuperação e desenvolvendo um vínculo forte com o motoboy.

É uma narrativa encharcada de contemporaneidade: uma linguagem cheia de inovações, diálogos breves, concisos, as relações humanas da obra são atravessadas pela urgência da modernidade líquida apontada pela visão sociológica de Bauman. Não que isso comprometa o livro do professor Marcos Fábio, pelo contrário, isso só veste de humanidade e de realidade a sua ficção.

Não há heróis travestidos de valores intocáveis, não há um romantismo exagerado, não há um ambiente bucólico e idílico… Há a vida e sua fluidez nas linhas quem percorrem os 18 capítulos da novela, de um romance que surge de um acidente de moto a outros amores que vão surgindo no desenrolar da estória.

Os encontros e desencontros da vida cotidiana sobem e descem do 18º andar: uma mãe que deixa os filhos para morar com um homem vinte anos mais jovem, uma filha mais velha que assume a responsabilidade da casa e dos irmãos, um motoboy que trabalha longas horas em cima de uma moto velha, um morador do apartamento 502 que aparece no percurso da narrativa e uma jovem loira chamada Olivia.

Caio namorava Laís, só que no meio da estória aparece Juliano, que desperta o sentimento de Laís, Caio conhece Olivia, a loira lhe arrebata o coração na velocidade das muitas cilindradas de uma moto. O narrador deixa a vida correr de forma natural, os personagens são banhados de humanidade, não há heróis ou bandidos, apenas seres humanos em suas relações.

Marcos Fábio, nesta pequena-grande obra, fez como as lavadeiras de Alagoas, torceu e retorceu a linguagem e, entregou ao leitor uma narrativa enxuta, concisa e com aroma de humanidade.

 

 

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Evilásio Júnior, filho de Evilásio Alves de Morais e Lusia Rosa Cunha Morais; nascido em Santa Inês-Ma, em 10/09/1984; acadêmico do curso de Letras da Universidade Estadual do Maranhão – Campus Santa Inês. Foi descoberto para a produção literária por uma professora de Língua Portuguesa, no Ensino Médio, aprendeu a importância de vestir com as letras a alma nua do ser humano.

Tem produções publicadas em antologias no Brasil, como: Antologia de Prosadores e Poetas Brasileiros Contemporâneos; Conto Natalino: o último conto do ano, Vai um expresso aí?; Antologia Criticartes; O poeta é um fingidor; Contos de Amor e dor; I Coletânea Poética Da Sociedade De Cultura Latina Do Brasil-construindo pontes Em comemoração aos 30 anos de fundação da SCLB e Cem Poemas, Cem Mil Sonhos.

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