Fernando Andrade
(Escritor e crítico de literatura)
Abrigo de morada. O que tem do lado da caverna? O espaço altero onde o olhar alcança a vastidão do campo, ou planícies que semeiam andanças pela vasta colheita de trigo\grão. O peregrino é aquele que sedimenta pegadas esquecidas, por onde andas? Peregrino com o olhar sempre nas asas de um (g)avião. Imagens são reflexos há muito armazenados pelo tilintar do sono.
Água clara, água escura, tanto dorme enquanto é espúria. O poeta tem sono de seu degredo. Mas o poeta levita onde antes era chão ermo. Desenha poemas nas paredes na caverna. Sua sombra era um prato de Platão colocado com só os sedimentos da memória que te espera. O que carrega, contigo? Poeta, O alforje, a foice, a adaga que te queima a pele com versos quentes de agonia por devoção não à prática, mas, ao amor reconhecido pelo olhar da mulher intrusa.
A poesia de Érico Hammarström, em seu livro de poemas, Por dentro do nada, Editora Penalux, percorre muitas matas da linguagem. O auto-engano da imagem que a palavra dá de contorno a todo poeta. Mas Érico é sábio em referenciar a dor de um existir pelo outro. Seus poemas são carnes de uma parte muito internalizada que ele expõe com métrica rigorosa em certo trovadorismo analítico\pessoal.
Perante ou per si, o poeta caminha olhando o mundo\entorno, olhando a filosofia da dor não como exílio, mas como indagação interna do que deve ou pode o homem perante flagelo do armistício da guerra da fera do homem como o lobo do homem. O labor das camadas da poesia não pode ou deve ser achar-se como acha de lenha e queimar até achar o carvão do ente,e sim, telha de um levante de uma casa cuja telha é tão rubra quanto o coração da máquina mimética das palavras.
cotação – muito bom
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