“Até que estale a palavra relâmpago” – Três poemas de Mariayne Nana

FACE inventário de formas avulsas do espírito. Em mini-vocabulário para um estado de poesia, de pétala soletrada pelo vento (editora urutau, 2018)

 

Teus lábios têm o brilho—
De cem amoras sob a Lua
Quantas vezes minha mão
Demora sobre o círculo da fonte
Só para não beber diretamente
Tuas águas?

Hoje o Sol dirá por mim teu nome:
Como se ontem um raio tivesse lido
Letras caladas na minha boca.

 

 

 

1. O ano medra durezas Na negra raiz das tuas costas 1024x768 - "Até que estale a palavra relâmpago" - Três poemas de Mariayne Nana

SEMINAL o sêmen, a semente — insinuam a boca da terra. Em mini-vocabulário para um estado de poesia, de pétala soletrada pelo vento (editora urutau, 2018)

 

Véspera-luz
Depoente auri-sopro

Os anos vazam
Entre branco e cabelo
Ninguém apara o corte

O ano medra durezas
Na negra raiz das tuas costas

Tudo é sombra de dedos:

O dia
Que linha a linha
Descurva agora
Amanhece

Hoje,
É só raio no manejo dos teus lábios
Mãos no fio da pedra
Até que estale a palavra relâmpago
D’onde advéns nitidamente.

 

 

 

risco 1 - "Até que estale a palavra relâmpago" - Três poemas de Mariayne Nana

RISCO O risco do fósforo é a rosa que se abre é o primeiro título desse livro. Uma rosa que se abre pelo risco do fósforo não é apenas rosa, atua como fogo. Em mini-vocabulário para um estado de poesia, de pétala soletrada pelo vento (editora urutau, 2018)

 

No caminho da tua boca
Eu fiz meu caminho
Com o sangue—
Que comemora o rumo da rosa
Aberto pelo espinho.

 

 

Mariayne Nana nasceu em 23 de abril de 1995. É formada em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Em 2018 publicou Pétala soletrada pelo vento (Editora Urutau). Investiga poeticamente a relação entre corpo e natureza na formação da sexualidade feminina. Publica através do seu perfil pessoal no Instagram (@mariayne_nana) poemas de sua autoria, videopoemas e reflexões sobre a criação poética. Junto com Filippi Fernandes, alimenta a página (@arcodapalavra), construindo uma poética móvel e coletiva.  No YouTube, através do canal Arco da Palavra, também é possível acompanhar os frutos dessa confluência:  https://www.youtube.com/channel/UCpXFWNihEsw_G-l96cuGQCg/featured.

 

 

 

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