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Esperem
a ver se o sol irá curar ou preocupar
a todos, mesmo sem acreditar que
não somos tudo o que há aqui
para se degustar, o sol percorre
o caminho de todos, sem distinções,
mas não interfere do mesmo modo
no acomodamento de cada qual
em seu corpo, há quem se pergunte
como vivem os trabalhadores do campo,
se o sol de lá não é o mesmo daqui
nas cabeças de ninguém e não induz
às mesmas falas e confissões,
esperem
já falei outras vezes deste sol tropical
que se expressa por todos e tudo
o que somos, e quando percebemos
o quanto nos guia, nem sempre há
alegrias nessa união faz-se necessário
descansar do sol que não funciona ideal
sob toda espécie de gente e suas histórias
e miríades de relações humanas, essas coisas
que o sol vê e está a participar como se
fosse um ente familiar muito próximo,
sem jamais sê-lo, realmente, mas
até mesmo com estranhos trocamos
interações que apenas o incidir dos raios
interliga e tudo isso é apenas o sol
que tem seus próprios ritos
para se lavar de todos os espantos.
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Tudo está absolutamente estranho
ou se este é o grau de normalidade
de todas as coisas, preciso recontar
as folhas do outono e ainda com mais força
peço que as lembranças familiares
teçam-me mais carinho que o habitual.
Tudo está absolutamente estranho,
recorro a juntar algumas areias no mar
para fabricar um medidor caseiro do tempo.
Não se pode mais contar com os relógios
comuns, já tão dentro da normalidade
de todas as coisas, bem adaptados a todos,
a cada segundo.
Tudo está absolutamente estranho,
mesmo que as medições do que é bem e mal
sejam cientificamente calculadas, e nada pessoais,
pode ser que estejam todos acostumados
a meter os pés n’algum lugar um pouco ruim
ou somente desagradável, eu diria apenas
que tudo pode explodir sem hora marcada
como todo início de estação.
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