Dois poemas de Tainah Nataly dos Santos

Essência

Para que perseguir
múltiplos sentidos
diante da crua aspereza
do real?

A pedra é.
A lei da gravidade continua sendo.
As Grandes Guerras se sucederam.

É inútil enfeitar o ser.

Se isso te mareja os olhos?
[Arquitetar arestas e movimentos.]
                                                      Deixemos,
                                                  no seu lugar,
                                                            a Arte.

Arranquemos, sim,
as cascas.
Penetremos os fios,
que nos articulam às entranhas do todo,
que nos distinguem do outro.
Caminhos enredados
num mesmo jogo.

Ontologizemos
a coisa.
HumaNaturalmente
desvendemo-nos.

Imagem

a mente
retalha
o retrato,
reúne
os pedaços
arbitrari-
a-mente

e transmuta-se
divindade

ora,
ao diluir-se
paisagem
           [elementos arredores,
                          golpes crus],
o que vê?

Tainah Nataly dos Santos.
Alagoana, Mestranda em Serviço Social pela UFAL.
Escreve versos há alguns anos, até então, não publicados.

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