cem tido cem pulsões marcações na página. O mouse rastreia o fio da coisa. Nada como entrar no buraco do sentido. Como fazer para deixar anotações de cunho genital? Qual relação da página com o corpo? Livro da vida seria o livro-corpo? O livre-entorno. Dissecando o eu, secando? toda umidescência dos orgãos linfa, sangue, plasma, plasmar a palavra polimórfica. Onde houver ou caber som, uivo e sentido. Desterritorializar o poema. Fazê-lo uma perversa camada de hibridismos. Descontextualizar gêneros. A morte de Deus; os anjos tem dois sexos: são hermafroditas. Mas a única coisa que ainda existe em forma compacta é o afeto.
Pelo afeto começa o livro corpos polimórficos, do poeta Juan Salazar, publicado pela editora Patuá. Um afeto ainda não identitário, nômade, que atravessa o que não tem fronteiras. Como a marca da página em seus poemas não tem títulação, letra maiúscula, ou máscula. Vazam por entre caminhos ou devires para algum fim que não o objeto livro. Pois este livro vaza também sua continuidade além da leitura. Juan cria uma tabela polissêmica onde o poema não é sua forma-fôrma original.
Talvez a ideia de hipertexto onde não há limite entre corpos afecções de papel escrita onde o leitor é quase um animal mesmerizante à procura de sua poliglota imagem deformada. O desejo irriga caule seiva e flor de cada poema, mas não o desejo heteronormativo de papai e mamãe copulando em torno do brio (a)afeto. A pulverização do zangão é sua própria zanga em não aceitar padrões normativos. Não neste livro. Juan elastiza tensões eróticas em versos pulsantes pulsionais descatalogando o que seja algum corpo-ge(ni)stual-conceitual. As fases do poema se tornam zonas erógenas da polinização semântica do corpo poético.
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