“Tenho nos olhos a primavera / todas as cores guardadas” – Três poemas de Mell Renault

 

Mell Renault é mineira de Belo Horizonte, tem 34 anos, mãe de 4 filhos, casada com o fotógrafo e escritor Carlos Figueiredo, que mantém, organiza e responde por toda sua obra artística.

Escritora e dramaturga, iniciou o seu percurso literário aos nove anos de idade quando ainda em casa teve acesso a obras clássicas da literatura. Aos 12 começou a escrever poesia e narração. Dos 15 aos 25 escreveu para seu blogue chamado “Pensamento Polaroid” que lhe rendeu a sua primeira publicação editorial “Carmem” pela editora Clube dos Autores. Com o tempo, o Pensamento Polaroid deixou de ser blogue e virou um Fanzine de incentivo à leitura de prosa e poesia, hoje é conhecido no Brasil e no exterior por ser o único zine literário no mundo que tem um trabalho completamente manual, desde a capa aos textos escritos nele.

Lança em 2019, pela Editora Coralina, seu livro de poemas “Patuá”.

 

 

MELL 1024x768 - "Tenho nos olhos a primavera / todas as cores guardadas" - Três poemas de Mell Renault

 

 

Proteção

Sou de mim
patuá
folha
flor.
Sou de mim
patuá
luz de sol imenso
luz de lua rasa.
Sou de mim
patuá
raízes
profundas
num deserto
bravo.
Sou de mim
patuá
uma fé
absoluta
que
me ensina
vencer
demanda
vingar
caminho.
Sou de mim
patuá
em verso
prosa
e fruto.

  Do livro “Patuá”, Editora Coralina – 2019.

 

 

Rosacor
Para Carlos Figueiredo

A rosa
existirá
além
da lira
além
do nome
de sua cor.
A rosa
carnessência
da pétala
viverá
na consciência
antes do rito
num místico canto perfumado
/ oásis da criação /

 Do livro “Patuá”, Editora Coralina – 2019.

 

 

* * *

Tenho nos olhos a primavera / todas as cores guardadas
na íris. Nas mãos reconheço o outono / riscos secos de
uma velhice que falha. O inverno, desse não tenho senão o
aconchego do abraço porque é verão alto no meu coração.
Tenho pra mim que me alfabetizei no quintal. As flores
me ensinaram as cores. As pedras deram a mim a sus-
tentação da caminhada. Falo árvore. Escrevo formigas.
Invento meu idioma conforme minha necessidade; por

isso, camaleão. Sei ser tropical.

 

Do livro “Patuá”, Editora Coralina – 2019.

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This Article Has 3 Comments
  1. Eliana Mora Reply

    Sucesso!! Beijos e abraços!!

  2. Ricardo Mainieri Reply

    Que poesia magnífica. Com ritmo certo, com as palavras medidas e exatas, dotadas de uma magia indescritível. Parabéns!

  3. Roberto Monteiro Reply

    É… essa é boa poeta. Gostei…

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