Maroel da Silva Bispo – Poeta e escritor nascido em Feira de Santana-BA. Licenciou-se em Letras pela Faculdade de Tecnologia e Ciências e cursa Psicologia na Universidade Estadual de Feira de Santana-BA.
Coautor do livro “A cidade dos meus sonhos” (2010), autor dos livros “Arauto da esperança” (2017) e “Flamas poéticas (2018). É membro da Academia Mundial de Cultura e Literatura – AMCL, da Academia de Letras do Brasil – Mato Grosso do Sul e da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana-BA.
A roda do tempo
Há que se inquirir sobre ela:
A roda do tempo.
O ocaso tênue que já passou, [e creio],
Não volta mais.
A imagem da natureza pausada,
Que faz conceber o poema.
E aquilo [cena dúbia] que ele não viu,
Pois está por vir.
Então, a roda se impele nas
Ruas nuas e segue.
Sempre segue e indolentemente,
Avança feroz.
Ele [o tempo] destila o seu fel,
E as cãs pranteiam.
E deste lamento afônico
Faz-se a vida.
E dessa tessitura se ergue
O tempo, excelso, perpétuo.
Destroço de guerra
Insalubres caminhos a percorrer.
E à vista, apenas perigos, feito sombras.
Que perseguem, sempre perseguem.
Ele sucumbia ante o uivo dos tiros,
E as hordas de loucos não cessavam.
Funesta existência essa [diriam eles],
Clama logo pela morte… Asseveram!
Ele se esvaiu naquelas pelejas,
Logo, logo, seus joelhos aluíram.
E o corpo forte? Foi-se embora.
Agora é destroço de guerra.
Sim. Foi soterrado de poeira,
E de mãos juntas, teceu uma prece,
Ele que fugia, errante, fez-se de achado.
Resquícios da solidão
A solidão, como um vago olhar pelas frestas da alma.
A solidão é o resultado cabal
Da vontade de sumir no horizonte.
Desespero silencioso do espírito,
Na imensa e encantadora vida.
Ir ou não ir?
Viver ou morrer?
Existir ou não existir?
O eu interior é absorvido pelo vácuo
Dessas tristes impressões.
Liberta-te! Foge logo desse
Labirinto opaco: a vida solitária!
O sol brilha forte lá fora.
Há tanto frio e chove aqui dentro.
Atônito, reverbera tua infinda dor.
Densas gotas de desesperança…
Um abismo fatal que impede de ver o amanhã.
Toda essa paisagem cinza te fez chorar. Pra quê olhar mais?
O pranto te circunda, convergindo o teu pensar:
Ir ou não ir?
Viver ou desviver?
Existir ou não existir?
Reflexos indescritíveis da criatura dita humana.
Insolentes versos do taciturno cotidiano.
Será tudo isso mesmo realidade?
Ou apenas inópia existencial?
Ótimos poemas, Maroel! Temática e construção excelentes.