RESENHA | Livro de contos “Vida sem disfarces” nos amarra nas cordas da ficção onde o certo e errado podem ou devem ter o lado b da mordacidade, só o humor nos redime, da chata normalidade

AVIDAEMDISFARCE - RESENHA | Livro de contos "Vida sem disfarces" nos amarra nas cordas da ficção onde o certo e errado podem ou devem ter o lado b da mordacidade, só o humor nos redime, da chata normalidade

 

 

 

FERNANDO ANDRADE

crítico literário

 

 

Gota a gota de sangue , a morte. Gota a gota de esperma, o filho ou a filha. Gota a gota de água – a chuva. Gota a gota, artrite demais. As coisas e suas substâncias. Nomes próprios e\ou substantivos. A máxima já foi algum dia, adjetivo. Uma sentença não é só do juiz. Cabe na vida sem disfarces que já ensina que viver pode ser o melhor do bom ou mau humor.

Vida sem disfarces do escritor Luiz Otávio Oliani pela editora personal, aqui uma súmula que não tem jogo empatado, pois o escriba Oliani sabe tirar das regras tanto gramaticais como da regra do jogo do puzzle; aquele chamado jogo de armar Cortazariano, as nuances do bom conto que por prazer do lúdico em esconder mais do que mostrar nos deixa boquiabertos ou até com o meio sorriso de Alice, algo meio Monalisa, por que todo bom autor deixa além de pistas… do seu crime, reentrâncias, orifícios, difíceis de preencher tolamente, ops totalmente.

Dizem que o melhor do conto é seu desfecho, abrupto e inesperado. O mestre aqui cria a arte de tergiversar o fato que anda solto pela ação corrente. Até que putz, um escorregão do sentido, se leva um estabaco e temos uma queda livre – uma luxação, de tão presos significados. Interessante notar que o livro de Oliani tem uma certa nota marcante na crônica de costumes, hábitos arraigados.

Cultura preconcebida que nos pega pelo contrapé. Pois a literatura ensina que a dinâmica do avesso, a sua fábula que não moraliza é mostrar o lado B da vida, quando o escondido das pessoas, dos atos humanos se torna mais gostoso e perigoso, quando não é definido como noção, como senso comum. Luiz redime com este livro o que a vida tem de mais cômica, sua elasticidade em ver o furo do viés.

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