A obra Cercas de Pedras é de autoria da escritora Jeanne Araújo, publicado pela Editora Penalux. Esse livro, como a autora mesmo diz, é para as mulheres que gritam sem jamais serem ouvidas. Nós seres humanos estamos em constantes mudanças, abrindo e fechando portas e janelas mentais em corredores extensos aos quais, nem sempre conseguimos abrir todas as portas e janelas existentes em nós.
É com essas palavras de Saramago que Jeanne nos expõe sua obra contendo vinte e duas (22) novelas dentro de sessenta e oito (68) páginas. Em cada uma das novelas, encontramos através de palavras simples, mas que nos penetra fundo na alma, um contexto diferente, de situações diferentes, onde cada um dos textos nos faz abrir uma de nossas portas mentais e, nos deixa fluir em nossos próprios devaneios. A leitura de Cercas de Pedras é intensa, breve, assustadora e fascinante.
Ao ler Cercas de Pedras, é como se o leitor penetrasse nas lembranças da autora, como se estivesse lendo seu diário. Jeanne Araújo nos apresenta o dramático, o transtorno, a destruição pela dor e nos apresenta uma história construída na paixão e na queda. O leitor vai ser golpeado por um grito avassalador em uma reviravolta, sem perceber que o grito é seu e também é de Araújo.
Em sua escrita lírica, a autora nos apresenta a dor enraizada trazida por sua origem. Fala sobre dos devaneios de cada ser, devaneios esses capazes de construírem cercas de pedras, como também capazes de abrir portas e janelas que se encontram somente em nossas mentes, por vezes, com uma visão tão avassaladora, que receamos ver, receamos saber e não ousamos questionar.
A cada parte do texto lido, o leitor vai imaginar, vai visualiza cada cena dedilhada com maestria, vai se projetar para dentro da obra, e sentirá necessidade, mas ao mesmo tempo medo de revelar o que se encontra em suas próprias portas e janelas mentais. A história que Jeanne Araújo nos apresenta, vai se confundir muitas vezes com nossa própria história, com nossos próprios pensamentos e devaneios e vai ser projetada, não como um filme, mas como um ser diante de nós.
Marcelo Frota é professor, escritor e poeta. Apaixonado por música, literatura e cinema. É coautor de Compilação Poética das Margens e autor de O Sul de Lugar Nenhum, lançado em 2019 pela Editora Penalux.
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