Fernando Andrade / jornalista e crítico de literatura
Imagine um território onde não existam fronteiras de separação entre som, sentido, lógica e imagem. Onde o livro é um mapa com ou sem percurso à seguir. Ou melhor, sua única bússola seria a leitura. O leitor é seu norte, sua quarta estrela guia. A imaginação do leitor cartografa este caminho ou trilha pelos bosques da ficção\sentido. Para diferença da guerra neste território é que a “morte do autor” ou a forma como ela bate no leitor, o sentido nunca é perene, não à morte do sentido.
Ele aflora ainda mais quando o livro tateia pelos caminhos da semiótica, quando as palavras se embrenham pelos galhos das frases tortas ou íngremes. Quando li o livro Quando fronteira, da poeta Cândida Almeida, editora Patuá, vi o léxico da bricolagem, da mistura de cruzar sentidos, e fazer referências entre os lugares lúdicos da linguagem.
Os poemas se descontextualizam de um cronograma estético, pois Cândida sabe brincar bem com os signos e a lógica das significações e sua relação especular como a grafia e uma espécie de concretismo textual na mancha da página. Mas há por dentro desta forma ou conceituação formal, um brilho dentro do afeto que cai como um luva por dentro de dedos ágeis ao manipular torções entre as relações de espaço e nomeação.
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