Livro de poemas “Chacona e fuga” desnorteia fronteiras do leitor atuante e polissêmico onde a leitura é um jogo de gêneros e citações

Fernando Andrade/jornalista e crítico de literatura

Um caçador diz que a caça não é nada mais que a imagem flanando deixando o sentido (só)lo. A imagem seria o rasante por onde o sentido alça voo. Um plano de atingir altitude e longitude, sempre um grande angular de ci(ne)ma.

O sentido teria a carne da palavra, a expressão do voo da imagem que se liberta. Quando li o livro Chacona e fuga do poeta Renato Camargo, editora 7 letras, vi a relação quase espacial entre voo e a caça ao sentido, do que nunca está parado. O poeta deixa no ar ou na página, intenções para mapear discursos, tons e sobretons onde imagens transversalizam, assumem (Dês)fronteiras que a leitura pega no contrapé a palavra e o sentido. É como se o poeta deixasse alguns temas e assuntos de (m)olho com objetivo de pescar referências ocultas que o leitor já assumiu referências de outros livros, cinema, e música vai coletando por tiro ao alvo no que ouviu dizer.

A beleza da sua construção melódica na brancura da página, nos faz lembrar de partituras musicais onde grafia e marcações são além de símbolos : expressividade da linguagem.

Renato cria toda uma semiologia de um erotismo carnal, amparado por um vocabulário polissêmico e cinematográfico. Crueza e estética criam espaços para uma interpretação cambiante e lúdica onde o signos parecem ter um movimento à desnortear o leitor.

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