Fernando Andrade| crítico literário e jornalista
Quem profere as palavras no dicionário, sabe que elas estão lá trancadas na textura da página branca. Elas são puxadas do lugar onde parecem tranquilas em suas acepções semânticas, para denominá-las no dia a dia da convivência social. Se temos fé, adotamos, uma oração, com palavras, serena e convicta. Se vamos ao analista, preferimos, às vezes, o silêncio ou palavras matreiras, onde parecem certas raposas no galinheiro. Algo mais mundano, como um exercício poético e ético, que Jacqueline Ferraz faz em seu Palavras para as que a quero, editora Penalux. Com sapiência pedagógica, como um exercício poético e ético meio assim Manuel de Barros, adotando um olhar brincalhão, que dão tato ou tatuagem ao corpo que é um produto delas.
O corpo fala, na sua linguagem de sinais, aqui um sintoma, aqui um recalque. A poeta numa linguagem simples sem ser simplista, bota o cotidiano das palavras na roda, onde eu e você falamos de borboletas ou borboleteios, ziguezagueando a circulação de bem-me queres, neste fulô de conversê que é um espírito que canta, um espírito que floreia como uma boa conversa de jardim.
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