Marco Antonio entrevista o escritor Fernando Andrade

LOGARITMO SENTIDO - Marco Antonio entrevista o escritor Fernando Andrade

 

 

 

MARCO ANTONIO – Você faz várias experiências com a linguagem, como lida com o desejo do público por sintaxe e ortografia que não fujam da norma culta, ou mesmo do padrão popular? Comente esse processo em Logaritmosentido.
FERNANDO – Não lido apenas com a linguagem em  seus aspectos semânticos. A palavra é um origami se desdobrando em polivalências do sentido, gosto da grafia da palavra, a imagem,  sua materialidade, seus sons, tornear a relação entre estética e funcionalidade do signos para mim é essencial na lida diária de um texto tanto no campo ficcional como nas resenhas semanais que faço no Literatura  e Fechadura. No meu novo livro de contos faço uma polissemia dos sentidos, desdobrando em jogos textuais onde as significações exponencializam em seus aspectos gráficos e semânticos.

 

MARCO ANTONIO – Como você monta a estrutura de seus contos? Há um estudo dos pontos chaves ou segue uma inspiração imediata? Narrativas breves como as de seus contos precisam de um nocaute?
FERNANDO – Como foram feitos na experiência de outras leituras como  o Clube da leitura, parto de temas estabelecidos, mas quebro uma certa normatividade de regras que podem tentar engessar, o estudo do tema. Como tento lidar nos contos com estudos sobre gêneros, há uma simbiose entre forma e conteúdo, a forma é um elemento também semiótico de  entendimento\ compreensão do texto. Contos como Mark e Trump são formas de questionar as categorias onde os rótulos que delimitam até os estilos, impedem uma melhor absorção do leitor sobre a produção do texto.

 

MARCO ANTONIO – Faz sentido pensar que sua experiência como contista independe da experiência poética? Na gênese de uma ideia, quando poeta e quando contista?
FERNANDO– Nenhum pouco, as duas linhas de criação são indissociáveis. Trabalho na área limítrofe da música na literatura. O ritmo, o som, a melodia, como no conto, Colher de chá, colher de sopa, onde priorizo certas palavras próximas quanto sua métrica silábica, dão ao texto uma bailar ondulante e sincopado.

 

MARCO ANTONIO – Atuar como resenhista te leva a criticar o contista? Como essa relação interfere na criação dos contos? 
FERNANDO O resenhista é também uma  parte criativa sobre a escrita, pois a leitura de um texto alheio, estabelece pontes perante um texto ficcional, quando não nos preocupamos em apenas entender uma autor, naquilo que ele quis produzir de sua energia semântica, estamos produzindo um texto que  possa ser também,  um texto ficcional\ ensaio. Esta relação aliás de ensaio, crítica e ficção nos Estados Unidos na década de 80 no pós-modernismo era muito usada.
 

Marco Antonio 2020 150x150 - Marco Antonio entrevista o escritor Fernando AndradeMarco Antonio é carioca, escritor e cronista. Publicou os contos de “Capoeira angola mandou chamar”, a novela “Cara preta no mato” em ebook, e o livro de crônicas “O gato na árvore” (2018), pela Editora Moinhos. Participou das coletâneas de contos “Clube da Leitura – volume III”, “Escritor Profissional – volume 1” e “Clube da Leitura – volume 4”.

 

 

 

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