Sete poemas de Isabel Furini

 

 

 

VENDAVAL

tudo permanece silencioso e longínquo
quando se rasga
o cordão umbilical da paixão
e ficamos sozinhos
– acossados
por um vendaval de lembranças.

Isabel Furini

 

 

A OBSTINAÇÃO DA MADEIRA

em cada fragmento da madeira
está oculta
a lembrança obstinada dos raios do Sol
o mesmo acontece com o olhar do idoso
(seja um olhar terno ou rude)
nele estão ocultos
os obstinados sentimentos dolorosos
e os sonhos irrealizados da sua juventude.

Isabel Furini

 

 

O ROSTO DO CORONAVÍRUS

Deus nos salve da gripezinha
– porque tem um rosto ingênuo,
mas é forte e poderosa
e matou muitos no Bérgamo,
em Wuhan, em Paris e em Zaragoza.
Por onde o coronavírus passa,
ouvem-se gritos e prantos…
As mãos ficam trêmulas,
os olhos cheios de espanto.
Os Anjos elevem seus cantos!
Que o bom Deus nos ilumine!
Que o vírus perca sua força,
e nunca mais contamine.

Isabel Furini

 

RESPIRAÇÃO POÉTICA

Aproximou-se do espelho
e projetou a luz
de uma estrela da Constelação do Corvo
na sua garganta
e a sua língua brilhou
e de sua língua surgiu um poema novo
(tremulante)
agoureiro e sombrio como um corvo
construído com palavras e silêncios
um poema dilacerado entre emoções conflituantes.

Isabel Furini

 

ENTRELAÇAMENTO QUÂNTICO

Hoje acordei na terra do ontem
e minha alma permaneceu vibrando
no espaço-tempo da saudade
– voltaram os amores perdidos
procurando aquele espaço na alma
onde permanecem entrelaçadas
as possibilidades quânticas do amor
e da solidão.

Isabel Furini

 

FIM DE TARDE

Insignificante a vida humana…
sentimo-nos tão importantes
e somos gotas de água
(delirantes)
no imenso mar da eternidade.

Isabel Furini

 

AGORA

Isabel Furini

 

Isabel Furini é escritora, poeta e palestrante; autora do livro de poemas “Os Corvos de Van Gogh”; participou de antologias no Brasil, Argentina, Portugal e Chile; Realizou recital poético na 36a. Semana Literária do SESC & XV Feira do livro da URPR, e também realizou um Recital na Biblioteca Pública de Burlingame, USA (2018).