por Marcelo Frota
Com simplicidade, delicadeza e simpatia, a autora Adriana Barretta Almeida encanta o leitor em seu livro Todo laço é feito de areia (Editora Penalux, 2020). Quem ler este livro vai sair de sua zona de conforto, porque esse livro trás de forma leve poesias que encantam e contagiam, fazendo o leitor refletir em cada palavra escrita.
Por meio das palavras da autora, você consegue ver projetado como em uma pintura, pessoas conhecidas e as desconhecidas também, família, amigos, além disso, podemos perceber os sentimentos, que por muitas vezes passam despercebidos e até mesmo, alguns esquecidos pelos acontecimentos do cotidiano. Sua palavra são carregadas de significados, e vão penetrar no leitor como uma flecha, acertando em cheio seus corações.
Adriana Barretta consegue nos transformar e ao mesmo tempo nos transportar por meio de suas poesias a lugares já frequentados, momentos vividos, fazendo-nos relembrar sensações, emoções que de forma direta mudaram nossa vida e a da autora também. Conforme a leitura, o leitor vai se transportar para sua infância quando estava descobrindo o mundo ao seu redor, como também reviverá momentos íntimos, ou até mesmo, se sentirá perdido nesse vasto mundo que ser você.
Você leitor, vai se sentir em uma pescaria em mar aberto, a qual, navegou sem rumo, sem direção e sem mapa. Sem que você perceba, será pescado para dentro de cada história contada, por meio da concretização das palavras em cenas projetadas em sua mente, percebemos isso com o poema Tempestade – “A tempestade/ acinzenta teus olhos/ e molha os meus.”.
Nesse poema, vemos a cena de alguém que está em um pesar, com um olhar nublado, pesado e causa comoção a quem a vê, e por sentir a dor do outro, a pessoa chora, chora por si e pelo outro. Até se pode perceber que o choro é uma forma de expressar a ‘impotência’ diante uma situação que causa dor, mesmo não sendo em nós, isso nos atinge e faz doer.
A autora mostra que não somos feitos de ferro, por isso, quando chegamos ao ápice de sentimentos e situações que foram se acumulando com o tempo, uma hora isso precisa ser exposto, e porque não expor em palavras? Sim, a poesia é um modo de trazer leveza para a autora e para quem lê suas palavras. Podemos ver isso no poema Aviso – “fim das forças:/ o corpo transborda/ de últimas gotas.”.
Como visto no poema, projetamos em nossa mente quando alguém chega ao seu limite, com isso vemos o corpo transbordar dor, sofrimento, cansaço e esperança, as lágrimas vem à face e mesmo em poucas lágrimas, essa pessoa se refaz e se fortalece para mais um dia. No poema Fênix temos uma imersão afetiva com a autora quando diz “Não renasço./ Das minhas cinzas/ e lágrimas/ faço cimento./ Não renasço/ das minhas cinzas./ Me refaço/ me construo/ mais sólida/ mais só./ Mas sólida.”.
Em seu livro Todo laço é feito de areia (Editora Penalux, 2020), Adriana Barretta transforma o ápice de cada dia, com suas percepções, suas leituras, as histórias vividas e observadas, repletas de doçuras, de dores, e por muitas vezes de indignações. A obra é um produto de sua vida, que foi produzido antes mesmo de seu nascimento.
Em sua obra imergimos a um mundo que nos afeta. Afeta diretamente o ser humano por meio de consequências naturais do envolvimento que o leitor tem para com sua obra. Caro leitor, esta obra vai fazer você sonhar, chorar, sorrir, amar, odiar, voar cair, mas acima de tudo, vai fazer você se ver dentro de cada poema, você vai se reconhecer em cada palavra e vai vivenciar histórias junto à autora.vivenciar histórias junto à autora.
Marcelo Frota é professor, escritor e poeta. Apaixonado por música, literatura e cinema. É coautor de Compilação Poética das Margens e autor de O Sul de Lugar Nenhum, lançado em 2019 pela Editora Penalux.
Be the first to comment