Três poemas do livro Máquina de barro | Alessandro Gondim
CORAÇÃO DE FERRO
Máquinas sentimentais
Humanidade embrutecida
Máquinas chorando
Homens sangrando petróleo
Homem máquina Máquina homem
Sentimentos de aço Coração de ferro
Homens de chumbo
Sociedade da tela
Robôs pensantes
Humanidade delirante
Androides amando Homens pedras
Filhos da máquina
Homens sem alma
MÁQUINA DE BARRO
Sou de barro
Sou da lama
Sou menino
Sou da ama
Querem de mim:
Seja de aço
Seja herói
Seja máquina
Viva sempre nesse quintal
Sou frio Sou trigal
Sou madrugada
Sou plural
Esperam de mim:
Seja lógico
Seja simbólico
Seja tudo
Seja imundo
Sou insanidade
Sou verdade
Sou lua
Sou nudez
Pensam de mim:
Impávido Colosso
Rei Senhor
Sou fugaz
Sou mordaz
Sou amabilidade
Sou progadilidade
BARCOS DE PAPEL
Acorrentados pela própria natureza
No submundo dos desejos, navego em paz
No mundo das representações, vivo feliz
Subjugado pela matriz
Barcos de papel em meio à tempestade
Carne humana no varal
Sentimentos de carnaval
Pesadelos de menino
O tempo como donzela
Os amores incolores
Os amantes da noite As dores coloridas
Os senhores na vala
Os escravos na cama
Todos na roda de ciranda
Com o coração na lama
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