A reinvenção do caos na poesia de Delalves Costa | por José Eduardo Degrazia

 

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A reinvenção do caos na poesia De Delalves Costa

 

José Eduardo Degrazia
Da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

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Fazer poesia é antes de tudo ousar, e o poeta sabe disso ao dizer no seu poema Ousa – dia de nascer: Se sabia que era impossível? Ora,/existir é para quem ousa (…). E eu diria que este “existir” é, também, para o poeta a grande aventura de escrever. A poesia, sendo sempre radical, exige que o poeta mergulhe fundo na vida e na linguagem. É o que faz Delalves Costa neste livro. Optando por um afiado trabalho artesanal, onde forma e conteúdo estão presentes como entes amadurecidos, onde a mensagem, lâmina, corta com a ajuda cirúrgica do bisturi experimental, a poesia desse poeta tem atraído cada vez mais a atenção da crítica. É importante notar que o poeta, mesmo sendo original, buscando invenções de linguagem, não foge ao intuito de comunicar, pois pretende ser lido e entendido. Não há boa poesia incomunicável. Toda boa poesia encontrará o leitor que a entenderá e a decifrará de seus símbolos e metáforas e lhe dará vida. A vida pode ser a do instante que passa ou a eternidade, quem sabe? O poeta é o porta-voz da linguagem que vem da terra e da humanidade. Quando ele encontra o filão dessa voz que vem do útero da matéria e do pensamento, o lirismo se faz na medida certa do poema. A sensibilidade particular do autor nos demonstra isso a cada poema desse livro, ousadia de inventor, que tem a poesia no sangue e diz no mesmo poema: Eis/que o verso nasce, e finjo/disfarço invento e insurjo/para os tortos filhos (sobre trilhos)/falarem de ética no caos. Mergulhe você também, leitor, no caos da linguagem e do tempo proposto pelo poeta. Sairemos deste caos mais atentos aos fenômenos da vida, do amor e da morte – conduzidos pela mão da poesia.

 

 

Delalves Costa (13 de dezembro, 1981 – Osório, RS), poeta e escritor. No currículo, além dos doze livros editados, nove de poesia, constam ainda publicações em coletâneas impressas e nas plataformas literárias digitais do Brasil (Revista Sepé, Mallarmargens, Literatura & Fechadura, Ruído Manifesto, Bibliofiliacotidiana, Pé de Moleque Livros), Portugal (Athena, InComunidade) e Moçambique (Mbenga). Sócio-fundador e membro honorário da Academia dos Escritores do Litoral Norte (AELN/RS) e sócio da Associação Gaúcha de Escritores (AGES). Obras recentes: O apanhador de estrelas (Class, 2018, já em 2ª edição, em 2020), extemporâneo (Coralina, 2019, na 1ª reimpressão), Midiaserável (Patuá, 2020) e Óculos de princesa (Papo Abissal, 2020, infantil).
Mestre em Educação (Uergs). Graduação em Letras Português e Literatura Portuguesa (Unicnec). Atua como professor de Língua Portuguesa, Literatura, Metodologia de pesquisa e Linguagens Aplicadas na rede pública estadual de ensino do RS. Destacado pesquisador e palestrante nas áreas de literatura (direito à literatura e à leitura, literatura contemporânea, literatura locus-regional, diálogos entre literatura, história e culturas locus-regionais) e de educação (diretos humanos e fundamentais e decolonialidade, currículo intercultural, protagonismos educativos). Academicamente, tem publicado capítulos (em livros) e artigos científicos em revistas, livros e, esporadicamente, ensaios na revista Conhecimento Prático Língua Portuguesa/Literatura. Além de ministrar palestras, o ator participa ativamente de encontros literários em espaços de cultura, universidades, feiras de livros.

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