Fernando Sousa Andrade é poeta, escritor, jornalista, crítico literária e colaborador da Literatura & Fechadura. O seu livro mais recente é Logaritmosentido, publicado pela editora Penalux.
uma vida
invisível
como
um fusível
terrível
de isolar cidades
uma cena difícil
onde à pé não existe
onde pernas não caminham
apenas a paisagem com edifícios (divindades)
com uma planta baixa com sua água em toda faixa
Vi seres em casa
Vi pássaros dando rasantes
Por sob a superfície espelhada da lagoa.
Falou que o ocidente tem excesso de palavras tristes,
Enquanto no oeste palavras são tiros,
Sempre na TV, o faroeste, a precisão da morte.
Lá no norte a palavra noite são inteiras ourivesarias.
Um homem mental
com sua camisa de força
amordaçado no que tem
de mais tranquilo: a linguagem.
Susto ou surto, anda a mesmo ou a esmo
por uma espécie de Suíça neve-paisagem.
Já leu Kafka, Joyce e Proust,
mas sua última lembrança não remete à leitura:
um escaravelho, não moço, tão pouco velho, eclodindo ovos
numa lanhada madeira.
Jazz tão antiga
como cabeças negras
num portfólio agora.
Mitos, desterros e erros
para cada cabeça a-pala-vrada
com a cerca ou a grade de medo ou medusa ( me conduza)
para cada rosto para cada gosto, um tapa de verdade?
Somos nós os elegantes? somos todos os elefantes da manada?
Eco solo converso
comigo peço piso verso
sobre mim mesmo.
Turvo, acuado, interesso-me
por ver além do reverso.
Pintado no chão, doido, doído, assombrado
De um passado, passo além de mim mesmo.
Pessoa boneco ombro
tronco linguagem
Qual? Efeito será uma parte do escombro.
Perigo
Roda
Perigo
Ronda roda, que hora são?
Perigo pedala
Perigo presságio
Aro da roda, qual horário?
Perigo mandala
Perigo adágio – operário vai?
Pedala bicicleta ronda os arcos da Lapa
Vai ao circo passa pelo verde azul, um simples corsário
Esta pressa de ir pelo caminho, carro ou bicicleta, para e diz
– Tem um cigarro? não me aguento.
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